Pela primeira vez Giovanna Antonelli teve que tingir os cabelos de louro

Giovanna Antonelli já estava quase se acostumando a nunca ser a primeira opção para as personagens que fazia. Na época de Laços de Família, Manoel Carlos só chamou a atriz para fazer a Capitu porque Carolina Ferraz havia declinado do convite. Em O Clone, o papel de Jade só foi parar em suas mãos depois que Ana Paula Arósio renunciou ao projeto. Dessa vez, foi diferente. A cínica Bárbara, de Da Cor do Pecado, não só foi escrita para ela, como representa a primeira vilã em uma carreira marcada por mocinhas românticas e heróicas. “Diria que a Bárbara é a personagem da minha vida. Mas também eu digo isso para todas elas. É porque a personagem atual é sempre a mais interessante…”, justifica.

Para interpretar a ambiciosa Bárbara, Giovanna não precisou desenvolver nenhuma habilidade específica, como aconteceu em O Clone e A Casa das Sete Mulheres, quando aprendeu a dança do ventre e montaria. Precisou, sim, tingir os cabelos de louro, algo que nunca fizera. “No começo, olhava para o espelho e não me reconhecia: ?Meu Deus, quem é essa mulher??”, diverte-se. A mãe da atriz, Suely, também não reconheceu a filha na nova novela das sete. “Ah, Giovanna, aquela lá não é você…”, ironiza a atriz. De fato, Giovanna anda mesmo irreconhecível. Na trama de João Emanuel Carneiro, a personagem inferniza a vida até do próprio filho. “A Bárbara faz uns comentários tão absurdos que soam até risíveis. Estou me divertindo horrores”, confessa, marota.

A felicidade de Giovanna só não é completa porque ela ainda não levou nenhum puxão de orelha ou ouviu qualquer desaforo nas ruas. “Estou frustrada!”, brinca, com seu eterno jeitão adolescente. As brincadeiras, aliás, rolam soltas nos estúdios de Da Cor do Pecado. Quando ela e Taís Araújo se juntam no mesmo “set”, a descontração é geral. Afinal, as duas já se conhecem desde os tempos da extinta Manchete, quando contracenaram em Tocaia Grande e Xica da Silva. “Depois disso, cada uma foi para um lado e nunca mais nos vimos. Hoje em dia, nos maltratamos em cena, mas, quando o diretor grita: Corta!, já estamos aos beijos e abraços”, garante, com o sorriso largo e a voz rouca de sempre.

Laços de família

Os olhos de Giovanna Antonelli reluzem ainda mais quando ela fala de O Clone. Lembranças da novela que a transformou em sinônimo de sucesso é o que não faltam. A começar pelos 40 dias que passou no Marrocos, ao Norte da África. “Foi a melhor experiência de vida que tive até hoje”, esbalda-se. Das muitas lembranças que guarda dos bastidores da novela, Giovanna cai na risada ao citar a cena em que Murilo Benício permanecia deitado nas areias do Saara, a poucos metros de uma cobra venenosa. Tão venenosa, que nem soro para ela existia. “Dizem que ela mata em poucas horas”, salienta, espantada.

Tenacidade recompensada

O pai de Giovanna Antonelli, Hilton Prado, é ator e cantor lírico. Ao longo da carreira, chegou a atuar tanto no cinema, em filmes como A Rainha Diaba, de Antônio Carlos Fontoura, quanto na tevê, em novelas como Pigmalião 70, de Vicente Sesso. Já a mãe, Suely Trajano, é bailarina formada pelo Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Durante 16 anos, pertenceu ao corpo de baile da Rede Globo. Apesar da veia artística da família, Giovanna Antonelli sempre enfrentou forte oposição dos pais. “Eles diziam que essa profissão era difícil e que eu tinha de estudar”, lembra ela.

Mesmo assim, Giovanna não se deixou convencer tão facilmente. Tenaz, acabou vencendo a resistência familiar aos 11 anos, quando começou a fazer teatro amador. Três anos depois, aos 14, tornava-se “angeliquete”, assistente de palco da apresentadora Angélica no Clube da Criança, na Manchete. “Na verdade, o que queria mesmo era estar na tevê. Sabia que lá dentro surgiriam outras oportunidades.” Como, de fato, surgiram. Depois de uma discretíssima participação em Tropicaliente, na Globo, Giovanna foi convidada pelo diretor Régis Cardoso para atuar em Tocaia Grande, baseada no romance de Jorge Amado.

Voltar ao topo