Violência na capital

Quatro jovens são mortos em chacina no bairro Atuba

A sala de uma casa da Rua Arnoldo Wolff Gaensly, no Atuba, na madrugada desta terça-feira (28), foi encontrada coberta de sangue. Quatro rapazes, que cresceram juntos, foram assassinados com tiros na nuca, e a equipe da Delegacia de Homicídios acredita que as mortes tenham relação com o tráfico de drogas.

A casa fica no meio de outras quatro, no mesmo terreno. Um dos vizinhos acordou com os disparos, mas não viu os assassinos fugirem. Os pais de alguns dos rapazes sentiram falta dos filhos e acharam estranho estar aberta a porta da casa de Ruan Alves Batista, 21 anos, pouco antes das 3h. Quando se aproximaram encontraram-no morto, logo na entrada da residência, com dois tiros na nuca.

Visita

A porta de entrada da casa não tinha sinais de arrombamento. De acordo com o delegado Fábio Amaro, da Delegacia de Homicídios, é possível que Ruan tenha ido receber os assassinos, quando foi rendido. Na sala também estava caído o irmão de Ruan, Raphael Bento, o “Pateta”, 24, atingido por um tiro na mão e quatro na nuca. Ao lado, Marcus Douglas Adonsky, 23, foi morto, atingido na mão, no braço e na nuca. Um pouco mais à frente, perto da entrada da cozinha, estava o corpo de Diego Henrique dos Santos, 19, que levou dois tiros na nuca.

Peritos do Instituto de Criminalística encontraram em meio a poças de sangue várias cápsulas e munições intactas de calibres 9 milímetros e 380. Além da sala, onde ficou o cenário de guerra, um dos quartos estava revirado. O guarda-roupas foi aberto e vários pertences estavam espalhados no chão. Parentes de Ruan, entretanto, não sentiram falta de nenhum objeto dele. Policiais apreenderam na casa uma balança de precisão e uma bucha de 20 gramas de maconha.

Investigação

Policiais militares relataram que fizeram buscas na casa de Ruan algumas vezes, depois de receberem denúncias de tráfico de drogas. A própria avó de Ruan e de Raphael confirmou que eles viviam no mundo das drogas, e que ela ainda pagava uma televisão que comprou para eles, mas que os irmãos já tinham trocado por entorpecente. A mulher contou para os investigadores da DH que os netos não tinham celular, por medo de serem “grampeados” pela polícia.

Ruan morava sozinho onde aconteceu a chacina. O irmão dele morava no Novo Mundo, mas tinha ido visitá-lo. “Pateta” era investigado por homicídios na Vila Uberlândia, Novo Mundo, entre 2007 e 2011, e já esteve preso. Marcus Douglas e Diego viviam com a família em outras casas no mesmo terreno que Ruan. Todos cresceram juntos. Os pais de Diego garantem que ele nunca esteve preso, e que foi orientado a não conviver com Ruan, já que o rapaz vivia fugindo da polícia por envolvimento com o tráfico. Os amigos se encontravam para consumir drogas.