Seriado português estréia domingo na Band. Na segunda é a vez de uma novela

Há tempos, a teledramaturgia tornou-se um dos principais produtos de exportação do país. As telenovelas brasileiras, principalmente as da Globo, já foram vistas em mais de 150 países, nos mais diferentes cantos do mundo. Só Portugal, através da rede SIC, já assistiu a mais de 60 delas, muitas exibidas quase simultaneamente com o Brasil. Agora, Portugal começa a fazer o caminho inverso. A produtora NBP, um das maiores de lá, fechou com a Band para a exibição de algumas produções por aqui.

Domingo, às 19h, estréia a série Olá Pai, sobre um solteirão convicto que, de repente, se vê às voltas com um recém-nascido. Na segunda, a Band exibe, às 16h30, a novela Olhos de Água, sobre duas gêmeas que, separadas na infância, se reencontram, já adultas. “Optamos pela teledramaturgia portuguesa porque ela vai ser uma grande novidade para o público brasileiro”, defende Celso Tavares, diretor de produção e programação da Band.

A exibição de tramas produzidas pela NBP é apenas o primeiro passo da parceria firmada com a Band. Num futuro próximo, as duas planejam co-produzir novelas, seriados e minisséries para o mercado brasileiro. A última vez que a Band exibiu novelas foi em 1998, com Serras Azuis, de Ana Maria Moretzsohn. Enquanto não retoma o núcleo de teledramaturgia, a Band reinaugura, em março, um segundo horário de novelas, com Morangos com Açúcar, voltada para o público adolescente.

A parceria com a NBP começou no ano passado, quando a Band julgou indispensável exibir novelas para cativar o público feminino, a mais nova prioridade do canal. “As tramas portuguesas têm ótima qualidade técnica e artística, com tratamento bem diferenciado das produções hispânicas. Na verdade, elas não negam a forte influência da teledramaturgia brasileira”, analisa Celso Tavares.

Fundada em 1992 pelos atores Nicolau Breyner e Antonio Parente, que veio ao Brasil na última semana para divulgar as produções, a NBP surgiu mesmo sob forte influência brasileira. Na época, Antonio Parente pediu ao amigo Jô Soares que indicasse o nome de um diretor brasileiro que ele pudesse levar para Portugal. O escolhido foi Régis Cardoso, diretor de Estúpido Cupido, O Bem-Amado e Anjo Mau. “Ajudei a implantar o know-how brasileiro na teledramaturgia portuguesa. Quando cheguei lá, eles não tinham nem estúdio, nem equipamento… Quando vim embora, o Antonio Parente me considerou responsável pela formação daquela empresa”, orgulha-se Régis Cardoso, que não dirige novelas no Brasil desde Tocaia Grande, de 1995, na extinta Manchete.

Nos três anos em que ficou em Portugal, Régis dirigiu Cinzas, Verão Quente e Na Paz dos Anjos. “Os atores portugueses têm um nível artístico altíssimo. Muitos deles, como o Joaquim de Andrade, já fizeram cinema até em Hollywood”, lembra, numa alusão ao ator que protagonizou o Xangô de Baker Street, rodado no Brasil. Quanto às tramas propriamente ditas, Régis notava um certo puritanismo nas primeiras produções da NBP. “As tramas portuguesas são menos folhetinescas e mais educativas que as nossas”, compara.

Apesar do pouco tempo de existência, a NBP tornou-se uma das maiores produtoras de Portugal. Atualmente, ela produz novelas para as três principais emissoras do país: SIC, RTP e TVI. Por vezes, duas novelas produzidas pela NBP disputaram audiência em emissoras concorrentes. “Lembro que Olhos de Água fez enorme sucesso em 2001 e virou a grande concorrente de Ganância, novela em que eu atuava”, observa o ator Oscar Magrini, que fez duas novelas nos seis meses em que passou além-mar: Ganância, pela SIC, e Senhora das Águas, pela RTP. Para ele, as novelas portuguesas têm tudo para angariar a simpatia de outro importante segmento de público, além do feminino. “A colônia portuguesa no Brasil é numerosíssima. Muitos patrícios vão querer matar saudades da terrinha”, lembra.

Voltar ao topo