Traíra

Agente é suspeito de fornecer armas para a rebelião em Pinhais

O delegado de Pinhais, Fábio Amaro, investiga o agente penitenciário que teria facilitado a entrada de um revólver calibre 38 na carceragem da delegacia, dando início à fuga e à rebelião na cadeia na noite de quinta-feira. O nome do suspeito é mantido em sigilo. Familiares de presos, que fazem vigília na porta da delegacia afirmaram que um funcionário da delegacia cobrava R$ 500,00 para facilitar entrada de arma e R$ 100,00, para celular. Durante o motim, os presos usaram os telefones para se comunicar com as famílias, de dentro das celas.

O revólver usado para render o agente que estava de plantão foi recuperado com um dos recapturados, ainda na noite de quinta-feira. A perícia pode ajudar a identificar a origem da arma. As imagens do circuito interno da delegacia que também poderiam ser usadas na investigação já estão descartadas. De acordo dom Fábio Amaro, os equipamentos foram destruídos durante a rebelião que durou quase seis horas.

Lacunas

As principais informações sobre como iniciou a confusão virão dos policiais feridos. O superintendente Osmair José Pereira da Silva, 48 anos, e o investigador Urubatan Gonçalves, foram baleados e levados ao pronto-socorro de Pinhais. Urubatan está fora de perigo, o superintendente corre risco de morte. O soldado Bordignon, do 17.º Batalhão, foi baleado no braço e já está em casa.

Fábio descarta que houve arrebatamento de presos. Para ele, a ação partiu de dentro da carceragem, que tem espaço para 16 pessoas e abrigava 110 no momento da fuga.

“Na entrega das sacolas de alimentos, um preso rendeu o agente e eles foram para fora da carceragem encontraram Urubatan trabalhando e atiraram. Quando ele caiu, os presos conseguiram sair. Osmair ouviu os tiros e foi baleado também. Aí começou o tiroteio”, conta Fábio. Os presos usaram uma pistola ponto 40 e uma espingarda calibre 12. As duas armas foram entregues quando os pesos se renderam.

Sindicatos se manifestam

O Sindicato dos Delegados de Polícia do Paraná (Sidepol) e o Sindicato das Classes Policiais Civis do Paraná (Sinclapol) chamaram a rebelião na delegacia de Pinhais de “tragédia anunciada” e “situação insustentável”. Eles defendem que a manutenção de presos em delegacias, além de fazer com que policiais desviem de suas funções para cuidar dos encarcerados, traz riscos à vida dos investigadores.

Em nota publicada em seu site, o Sidepol diz que “Esta situação, embora arduamente combatida pela Polícia Judiciária, não mereceu a devida atenção do Poder Judiciário e do Ministério Público.”

Lotação

André Gutierrez, presidente do Sinclapol, questiona declarações do alto escalão do Departamento Penitenciário (Depen). “Eles (Depen) dizem que precisam seguir padrões internacionais e por isto não lotam as penitenciárias. E a delegacia pode então ficar lotada?”, questionou Gutierrez. Ele ainda explica que, apesar de algumas delegacias já terem recebido agentes de cadeia pública da Secretaria de Justiça para cuidar dos presos, a quantidade é muito pequena e não resolveu o problema.