Absurdo

Agentes penitenciários são agredidos por detentos

Três agentes penitenciários afirmam ter sido agredidos na manhã de ontem (17), na Colônia Penal Agroindustrial, em Piraquara, depois de apreenderem quatro celulares e maconha. Segundo os agentes, por volta das 11h30 o detendo Luciano Almeida da Silva, foi flagrado entrando na penitenciária por um bosque, com os telefones e a droga em sacolas. Quando ele foi detido e algemado, outros detentos se rebelaram.

“Foram chutes e socos de todos os lados. Três agentes foram agredidos. A Polícia Militar foi chamada, mas ela foi barrada no portão por ordem da direção. Outro agente controlou a situação, mas os presos recuperaram quase tudo”, conta um dos agentes, que não quer ser identificado por medo de represália. Ele conta ainda que os agentes conseguiram apreender apenas quatro celulares e certa quantidade de maconha.

Luciano, mesmo algemado, conseguiu fugir no meio da confusão, que quase se transformou em motim. Porém o detento Lucas Matheus Lopes, que teria iniciado as agressões contra os agentes, no momento da prisão de Luciano, foi recolhido para a Casa de Custódia de Piraquara, como medida disciplinar.

Sindicato

O Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná (Sindarspen) confirmou que foi informado sobre o caso no começo da tarde de ontem e reclamou da falta de colaboração da diretoria da CPAI. “Orientamos os agentes agredidos a irem até a delegacia registrar boletim de ocorrência e pedir exame de corpo de delito. Porém estavam de plantão por 24 horas e não puderam sair do trabalho”, reclamou o vice-presidente do Sindarspen, Antony Johnson. Ele afirmou que os agentes agredidos devem ir à delegacia de Piraquara na manhã de hoje. Dois agentes que falaram a reportagem do Paraná Online, mas não quiseram ter os nomes divulgados, disseram que desde as mortes de dois agentes fora dos presídios, no mês passado, a situação no sistema prisional mudou pouco.

As principais reclamações são com relação a falta de estrutura. “Estamos com duas motocicletas velhas para fazer a ronda de hectares de Colônia. Os portões eletrônicos estão quebrados há meses. Isso sem falar da escassez de agentes com experiência no cuidado dos detentos”, disse um dos agentes que trabalha há mais de 20 anos no sistema prisional.

Direção nega as agressões

O diretor da Colônia Penal, Ismael Meira, afirmou que não houve agressões e nem proibição à entrada da PM. Segundo o diretor, um agente pegou um preso suspeito de estar com um celular e com ajuda de outros agentes conseguiu deter o suspeito e algemá-lo.

Isso teria gerado protesto de outros internos. “Houve bate-boca, empurra-empurra, mas não agressão. Chamei a PM porque se acontecesse algo mais grave, ela já estava a postos”, explicou Ismael. Ele disse que a PM esteve no local e que apenas a segunda equipe enviada à Colônia não entrou no prédio, porque a situação já estava controlada.

Vistoria

Quanto ao material apreendido, Ismael justifica que foi realizada vistoria minuciosa após a confusão, ação que levou à apreensão dos quatro celulares (marcas Sansung, Motorola, Nokia e Vodafone) e da maconha. Os policiais da 2.ª Companhia de Guardas de Piraquara confirmaram que foram até o presídio e que não foi preciso intervir na situação que já estava controlada.