Ex-sócio é o suspeito

Lutador de MMA leva cinco tiros em Santa Felicidade

O lutador de artes marciais Assuério Romoaldo da Silva, 38 anos, foi baleado na porta de sua academia, em Santa Felicidade, por volta das 22h30 de terça-feira. O suspeito do crime, o ex-professor de Assuério, Robson Rodrigues de Freitas, 42, o “Carioca”, foi preso, mas por outro motivo. O inquérito sobre o atentado nem foi aberto, por conta de empurra-empurra entre delegacias.

Segundo o sargento Gilmar, da Rondas Tático Motorizadas (Rotam), do 12.º Batalhão da Polícia Militar, Assuério fechava a porta da Total Punch Martial Arts, na Rua Ângelo Stival, quando foi abordado pelo atirador. O proprietário do apartamento acima da academia ouviu os tiros. Assuério foi atingido por cinco tiros de pistola calibre 380. Ninguém viu para onde, nem como o suspeito fugiu. O lutador teria reconhecido o ex-professor pela tatuagem.

Forte

Mesmo ferida gravemente, a vítima contou a policiais e socorristas do Siate sobre o assassino e o provável motivo do atentado. Segundo amigos do lutador, Assuério praticava lutas marciais no São Braz. Depois de um tempo, o lutador deixou o treinador para abrir sua própria academia. Em pouco mais de seis meses aberta, a Total Puch estava fazendo sucesso no bairro, o que teria despertado inveja do ex-professor.

O lutador foi levado em estado grave ao Hospital Cajuru. Um tiro perfurou o crânio e outros atravessaram o corpo, mas sem atingir nenhum órgão vital. Assuério passou a noite em observação e, na manhã de ontem, foi submetido a uma cirurgia ortopédica, pois teve um dos pulsos fraturado pela bala. Ele permanece em observação na enfermaria, sem previsão de alta.

Suspeito é detido só com munições

Durante a madrugada, a PM deteve Robson Rodrigues de Freitas, 42 anos, em sua casa na Rua São Carlos, Jardim Pinheiros, em Santa Felicidade. Apesar da suspeita pela tentativa de homicídio contra Assuério, Robson foi preso por porte de munição. Na casa dele a polícia recolheu 24 munições de calibres 22, 38 e 380. Nenhuma arma foi encontrada.

Segundo os procedimentos da Polícia Civil, quando um homicídio não tem autoria conhecida, o crime é investigado pela Delegacia de Homicídios (DH), caso contrário o inquérito é aberto pelo distrito da área. Por conta disto, Robson foi levado ao Centro Integrado de Atendimento ao Cidadão (Ciac-Sul), onde estava de plantão o 13.º Distrito Policial (Tatuquara).

Divergências

Gerson Camargo, superintendente do 13.º DP, explicou que Robson foi autuado em flagrante apenas pelo porte de munição. Já o atentado, na visão de Gerson, deverá ser registrado pela DH. “O crime não teve testemunhas, que pudessem fazer o reconhecimento do autor. Só estava valendo a palavra da vítima. Como não tinha nada que vinculasse Robson ao crime, o autuamos só pelas munições. É a Delegacia de Homicídios que vai abrir inquérito, pegar depoimentos da vítima e de testemunhas e indiciar o autor”, analisou Gerson.

Já o delegado Rubens Recalcatti, da DH, afirma que crime tem autoria conhecida e tem que ser investigado pela delegacia que recebeu o suspeito. “A vítima deu o nome do autor e a PM o prendeu em flagrante. Robson foi preso, principalmente, pela tentativa de homicídio. Como era autoria conhecida, a PM corretamente o levou ao distrito”, esbravejou o delegado. Por conta do empurra-empurra, sequer exame de parafina foi feito nas mãos do suspeito, para comprovar se ele usou alguma arma.

Lineu Filho