Ladrões de cargas trocam reféns por maquinário agrícola

O roubo de cargas de grande valor, principalmente de utensílios e equipamentos agrícolas, começou a ser desarticulado pela polícia. Na madrugada de domingo, investigadores da Delegacia de Homicídios conseguiram deter dois homens acusados de participar de uma quadrilha especializada nesse tipo de assalto. Segundo a polícia, somente a empresa New Holand (São Paulo) já informou um prejuízo de aproximadamente R$ 4,5 milhões nos últimos meses. A partir de dados repassados pela própria empresa é que a DH chegou à prisão dos indivíduos.

A quadrilha descoberta possui um modo de agir diferente das demais. Costuma seqüestrar parentes dos motoristas das empresas transportadoras e utiliza as vítimas como moeda de troca. Dessa maneira, o motorista do caminhão é obrigado a desviar a carga para um local indicado pelos marginais. A polícia ainda investiga se as “trocas” realmente ocorriam ou se motorista e seu familiar eram executados assim que a carga roubada chegasse ao destino acertado.

Dicas

Conforme a empresa paulista, a maioria de seus maquinários foi roubada na saída de Curitiba, a cerca de 15 quilômetros da cidade. Seguindo essas informações, investigadores – sob o comando do delegado Stélio Machado – montaram campana num posto de combustível no bairro Pinheirinho, às margens da BR-116. No local abordaram o Monza placa BZB-2442 (Paranaguá), que estava estacionado no pátio com três indivíduos dentro. Os investigadores descobriram que Antônio Guedes e Fábio Robert Guedes estavam “guardando” o refém Gideão Santos Pereira, 20. “O jovem era mantido em cárcere privado e sob ameaça de arma de fogo, obrigando o irmão dele (Geraldo) a entregar aos quadrilheiros a colheitadeira (avaliada em R$ 300 mil) que transportava”, explicou Stélio.

A colheitadeira chegou a ser carregada no caminhão placa BWS-9041, e mediante as ameaças, o motorista foi obrigado a seguir viagem.

A máquina deveria ser levada para a cidade de Corumbá (MS). Como os investigadores descobriram a ação da quadrilha, interceptaram o caminhão na BR-116. “Se o plano desse certo, a máquina chegaria aos marginais e eles se livrariam dos irmãos”, confidenciou o delegado, dizendo que há informações de motoristas e familiares desaparecidos.

Defesa

Os dois presos disseram não ter qualquer envolvimento com a quadrilha e afirmaram que estavam parados no posto porque vinham de Paranaguá, cidade onde residem. Sobre a arma apreendida com eles, não quiseram falar. Outro indivíduo de Paranaguá, conhecido por “Serginho Polícia” está sendo investigado. Os dois detidos foram autuados por extorsão mediante seqüestro, formação de quadrilha e porte ilegal de armas, segundo o delegado.

Novos mandados de prisão dos demais integrantes da gangue devem ser solicitados à Justiça nos próximos dias, afirmou Stélio.

Prejuízos são grandes

O roubo de maquinários agrícolas está incomodando proprietários de transportadoras há bastante tempo, mas, nos últimos três meses, as ocorrências se intensificaram. O proprietário da RodoWay, José Lara, disse que nesse período já teve quatro tratores e duas colheitadeiras roubadas. Ele estima que o prejuízo gira em torno de R$ 1,5 milhão.

Ele acredita que outra quadrilha está agindo no Paraná, pois a forma é diferente dos quadrilheiros flagrados pela polícia. “No meu caso, os motoristas foram abordados diretamente e obrigados a levar a carga para lugares combinados. Não havia o uso de reféns”, disse.

Edson Souza, responsável pela distribuição da empresa TNT, confirmou a preocupação das transportadoras quanto ao exagerado número de assaltos. “Em um ano e meio foram dez colheitadeiras roubadas”, informou. Em média, cada máquina nova custa R$ 300 mil.

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