Monstruosidade

Primo diz que uma “voz” ordenou a morte da menina

As vozes que mandavam matar agora dão risada do carregador Deivid Santos Ribeiro, que fará 31 anos na sexta-feira, e dizem a ele: “você vai morrer”. Isso é o que ele declarou ontem pela manhã na Delegacia de Homicídios. Deivid confessou ter assassinado a facadas sua prima de segundo grau, a estudante Letícia Souza do Nascimento, 10 anos, anteontem no Santa Cândida.

No interrogatório, Deivid, pai de uma menina de 9 anos, estava ciente do crime que cometeu. O carregador disse que, na segunda-feira pela manhã, levantou às 9h30 e foi fazer o café. Letícia dobrava os cobertores na cama. Ele derrubou uma faca de cozinha grande ao lado da cama da criança e obedeceu à voz que o mandava matá-la. Ele cravou a faca no peito da menina e derrubou o talher, entortado pelo golpe.

Pia

Em seguida, pegou uma faca serrilhada na pia e deu outras facadas na barriga da criança, até o talher quebrar. Confessou também que segurou a boca da menina, para que ninguém a escutasse gritando “pare, pare, pare”. O crime deve ter demorado cerca de 20 minutos.

Deivid alegou que trancou a casa, por volta das 10h30, e pegou um ônibus em direção ao centro. Depois, seguiu para São José dos Pinhais, onde ficou mais de uma hora sentado em frente a uma igreja e a um módulo da Guarda Municipal. Se entregou aos guardas e pediu para ser algemado. Letícia foi encontrada pouco antes das 15h pela mãe, que chegou do trabalho.

Igreja

Semanas antes do crime, Deivid foi convidado pela mãe da criança a frequentar uma igreja evangélica, depois que relatou que ouvia vozes. Apesar do indício de desvio psiquiátrico, o carregador disse que não tinha procurado médicos nem tomava remédios.

No interrogatório, ele ainda confessou que, há dois anos, chegou bêbado à casa em que a menina morava e passou a mão na vagina da parente. O abuso foi descoberto depois, quando Letícia acordou gritando que ele tinha passado a mão em suas partes íntimas. O homem foi expulso do convívio na casa, mas voltou e foi perdoado. Ele afirmou, na delegacia, que não pensou em abusar novamente da menina.