Troca de comando na PM

Coronel Scheremeta chora e diz que seus telefones estão grampeados

A troca do comando geral da Polícia Militar, anunciada como “harmônica” pelo Secretário de Segurança Pública, Reinaldo de Almeida Cesar, se revelou traumática. Na tarde de ontem, ao mesmo tempo que o novo comandante, coronel Roberson Bondaruk, era apresentado no Palácio das Araucárias, o coronel Marcos Theodoro Scheremeta desabafava para a imprensa.

O ex-comandante chegou a chorar em algumas passagens, mas surpreendeu a todos ao dizer que seus telefones estavam grampeados desde a sua posse e que não era consultado sobre decisões que envolviam a tropa. Scheremeta também revelou que ficou surpreso ao saber que era considerado suspeito de comandar uma quadrilha que controla caça-níqueis.

As revelações de Scheremeta mostram que ele vinha sendo “fritado” desde sua indicação e que o relacionamento pessoal e profissional com o secretário causou a queda de comando. “Quando você passa a não se relacionar da maneira que deveria com o seu chefe, o mais correto é colocar o cargo à disposição”, afirmou o ex-comandante geral da PM.

Aviso

Segundo Scheremeta o secretário o informou, no início da semana, sobre a exoneração do cargo, mas pediu sigilo. O coronel disse ter ficado chateado ao saber que a notícia se tornou pública e se emocionou ao falar que a família soube do caso pela TV. “Fiquei magoado com a maneira como o caso foi tratado, porque eu estava em Foz do Iguaçu cumprindo agenda com o governador e o secretário, quando um dos meus filhos ligou e perguntou o que eu tinha feito de tão grave para não ser mais o comandante da PM”, contou.

Scheremeta fez questão de destacar que não houve qualquer tipo de briga entre ele, o secretário e o governador Beto Richa e que vai agora tirar férias com a família para depois decidir sobre o futuro profissional.

Entrevista levanta polêmica

Débora rodrigues

Scheremeta revelou que é investigado pela Polícia Federal há seis meses, por suspeita de ser chefe de uma quadrilha de caça níqueis e estaria com os telefones pessoais e profissionais grampeados. De acordo com o coronel a desconfiança é fruto do passado profissional de seu pai, ex-gerente de uma lotérica onde havia caça-níqueis e apostas de jogo de bicho.

Segundo ele, o pai (já falecido) deixou o trabalho logo que o filho entrou para a PM e que, desde então, não teve mais envolvimento com a ilegalidade. Para provar que não devia nada, Scheremeta pediu que fosse realizado um trabalho intenso de investigação contra a máfia dos caça-níqueis pelo serviço de inteligência da polícia. Um relatório foi entregue à Polícia Federal com todos os dados e levantamentos realizados.

Irmão

A nomeação de seu irmão mais velho Carlos Alexandre Scheremeta para a corregedoria da Polícia Militar levantou suspeita que ele estaria beneficiando policiais corruptos. O secretário da Segurança Pública pediu que Carlos fosse retirado do cargo, o que foi negado pelo coronel.

HPM

Recentemente o Hospital da Polícia Militar, por decisão do governador Beto Richa, estendeu atendimento para 118 mil servidores públicos estaduais e Scheremeta não foi consultado sobre a decisão. “Não fui chamado para nenhuma reunião”, afirmou. Segundo Scheremeta, a decisão do governo gerou desconforto entre a corporação que paga pelo serviço prestado. “Não conseguimos atender bem os nossos policiais, como vamos atender bem os servidores públicos?”.

Cedidos

Segundo Scheremeta, havia mais de 300 policiais fora de seus postos de trabalho quando ele assumiu o comando, porque estavam prestando serviços ao Ministério Público e Poder Judiciário. “Trouxe todos para dentro do quartel novamente e isso causou desgaste”.
Promoções

Segundo o coronel, &ldqu,o;apadrinhados políticos” do governo do Estado esperavam ser promovidos na Polícia Militar e não foram, o que também teria desgastado sua relação com o secretário. De acordo com Scheremeta, quem determina as promoções é um colegiado de coronéis.

Missão de humanizar

AEN

AENotícias
Bondaruk: integração.

O coronel Roberson Luiz Bondaruk assume o comando geral da Polícia Militar com a missão, recebida do governador Beto Richa, de humanizar a corporação e integrar a ação com a Polícia Civil. A posse oficial será semana que vem. De acordo com o secretário Reinaldo de Almeida Cesar, Richa determinou que o novo comandante-geral consolide a atuação da polícia junto à comunidade. Bondaruk, que foi um dos precursores da Polícia Comunitária no Paraná, terá que reduzir o tempo de resposta policial às chamadas da comunidade, fortalecer a corregedoria e cuidar da recomposição e capacitação do efetivo. “Bondaruk é um ideólogo, com conhecimento científico e capacidade para aproximar a PM da população e combater a criminalidade”, afirmou Almeida Cesar.

Troca

Almeida Cesar disse que a troca de comando na corporação é natural e que foi definida durante reunião na terça-feira, com o próprio Scheremeta, que apresentou motivos de ordem pessoal para deixar o posto.