Indícios

Madrasta é suspeita da morte de jovem músico

Perto de completar quatro meses da morte do estudante Matheus Hoepers, 17 anos, a polícia anunciou ontem a prisão de uma suspeita de ser a mandante do crime.

Clarice Wruck, 32 anos, é ex-mulher do pai do adolescente, morto em outubro, quando seguia para aula de música. Ela foi presa na tarde de terça-feira, por policiais da Delegacia de Homicídios, que divulgaram ontem a prisão.

A mulher, que deixou de ser professora de Geografia para trabalhar como manicure e cabeleireira de garotas de programa numa sauna do centro, foi localizada numa casa alugada, nas Mercês, pelos investigadores, que cumpriram mandado de prisão preventiva.

As investigações apontam dois motivos para a morte de Matheus. A mulher disputava com o ex-marido a guarda da filha. Proibida de ver a criança, há dois anos, Clarice ameaçou “pagar na mesma moeda” e matar o adolescente.Outro motivo seria herança. “Sem o outro filho de seu ex-marido, sua filha seria a única herdeira”, contou o delegado Rafael Vianna, que comanda as investigações.

População

Reprodução
Matheus foi morto em outubro.

Vianna disse que o caso está perto de ser esclarecido e conta com a ajuda da população para prender os assassinos, que estavam numa EcoSport preta. No dia 1.º de outubro, Matheus caminhava em direção a uma escola de música no Uberaba quando o carro passou por ele.

A mãe de Matheus, Célia Maria Maia, conta que o filho ainda teria sido chamado para entrar no veículo, mas teria se recusado por se sentir ameaçado. Os ocupantes do carro fizeram meia volta, atiraram no rapaz, e fugiram.

O veículo suspeito foi flagrado por câmeras de segurança de um estabelecimento comercial. Testemunhas também confirmam que os tiros foram disparados da EcoSport.

“Contamos com a ajuda da população para prender o executor e encontrar o veículo”, disse o delegado. Quem tiver informação que leve à prisão dos autores do crime pode entrar em contato com a delegacia pelo telefone 3360-1400.

Participação

Clarice deixou, há dois anos, o magistério estadual, e é mais conhecida como “Bruna”, na sauna e em outros bares do centro, como informou o delegado. Nos últimos meses, outras três pessoas foram presas, suspeitas de envolvimento no assassinato.

“Por enquanto existem indícios da participação dela no crime, o que será comprovado quando concluirmos as investigações. Não sabemos ainda se ela pagou para matarem o rapaz”, disse o delegado.

Amor de mãe

Redação

Daniel Caron
Célia quer explicação.

Célia não busca apenas justiça, mas uma explicação para a morte do filho. “São
112 dias que não tenho mais o meu filho. Ele era uma pessoa caseira, estudiosa, doce, carinhosa. Estudava de manhã e no final da tarde tinha aula de inglês e música. Só pode ter sido vingança”, acredita a mulher, que lembra emocionada os momentos finais do filho mais velho.

Apesar do avanço no caso, a engenheira teme que a justiça não seja feita. “A impunidade agride demais a mãe de uma vítima. Nós temos leis que tem que ser respeitadas.Ele não morreu de doença nem em nenhuma catástrofe”.

Ameaça

“Ela ameaçou meu filho em 2009. Dizia para meu ex-marido ‘vou matar teu filho para me vingar de você’. Essa mu,lher tem uma mente perversa. É muita falta de sensibilidade uma mãe matar o filho de outra”, disse Célia, que é engenheira e tem outros dois filhos, do atual marido.