Estatística

Violência contra a mulher é debatida em Curitiba

A violência contra a mulher é praticada essencialmente por adultos jovens (98% homens), entre 24 a 36 anos, com baixa escolaridade. Cerca de 75% deles são companheiros atuais ou ex-companheiros da vítima. Em 78% dos casos, existe o envolvimento do agressor com drogas lícitas e ilícitas. Deste universo, 85% consomem álcool.

Os números foram informados ontem pela psicóloga Maria Cristina Neiva de Carvalho, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), durante o I Encontro Estadual do Ministério Público e Poder Judiciário sobre a Aplicação da Lei Maria da Penha, promovido pelo Ministério Público e pela Escola de Magistratura do Paraná. O evento termina hoje.

A PUCPR promove cinco encontros semanais entre agressores presos em flagrante, uma equipe técnica do Juizado da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher de Curitiba e estagiários de Psicologia.

Dependendo do caso, os agressores podem receber liberdade provisória, desde que participem dos encontros, que falam de dependência química, vida profissional e relações familiares, entre outros assuntos. O trabalho começou em maio deste ano e já permitiu traçar um perfil do agressor.

Sobre as mulheres vítimas da violência, a psicóloga explica que a maioria tem uma escolaridade maior do que os agressores. “As mulheres até procuram a delegacia e fazem boletim de ocorrência, mas não levam adiante. Há uma perda de 50% em cada etapa do processo. Existe a dificuldade de renunciar a todo um projeto de vida”, esclarece.

Lei

A Lei Maria da Penha, que já completou quatro anos em vigor, permitiu um maior número de denúncias de mulheres que sofreram violência. Mas no encontro foi concluído que ainda é preciso trabalhar mais com educação e um sistema integrado de políticas de apoio às vítimas. No Paraná, existem apenas dois juízos especializados (Curitiba e Londrina).

“Também existe necessidade de mudar a visão equivocada de que entre briga de homem e mulher não se mete a colher”, comenta o procurador-geral de Justiça, Olympio de Sá Sotto Maior Neto.

Para a juíza Luciane Bortoleto, do Juizado da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher de Curitiba, ainda há dificuldade em integrar os serviços de apoio à mulher. “Muitas mulheres chegam na polícia e não querem a aplicação da lei. Solicitam ajuda para o abuso de álcool do companheiro. Isto extrapola o Judiciário”, conta.