Estuprador confessa crime contra deficiente

O auxiliar de enfermagem Luiz Carlos Rodrigues dos Santos, 51 anos, preso terça-feira por estuprar e engravidar uma paciente deficiente mental, no Pequeno Cotolengo, confessou o crime. O interrogatório dele, quinta-feira à noite, durou mais de duas horas. Luiz Carlos chorou e se disse muito arrependido.

De acordo com a delegada Sâmia Cristina Coser, da Delegacia da Mulher, um dos motivos que o levou à confissão foi perceber que a polícia já tinha convicção que ele era o autor do crime. Bastaria apenas o exame de DNA, quando a criança nascesse, para confirmar tudo.

Apesar de exames periciais terem mostrado que não houve penetração por parte do homem, Luiz Carlos disse que houve sim a conjunção carnal e que tudo foi muito rápido, durou menos de cinco minutos.

A delegada apurou que, durante a noite, são quatro enfermeiros para cuidar de 40 pacientes. O cuidado com cada um deles toma entre 15 e 20 minutos do funcionário.

Sem negligência

“O trabalho com esses pacientes é difícil, demorado e pesado. Então enquanto um auxiliar cuida de um paciente, o outro vai atender outros internos. Por isso, e com o barulho dos aparelhos, seria difícil mesmo perceber que alguém inconsciente como ela poderia estar sendo violentada”, observou a delegada.

Sâmia não vê negligência por parte do hospital que, inclusive, foi quem denunciou o crime, quando descobriu a gravidez da paciente e colaborou com a investigação. Apesar do quadro vegetativo da mulher e de sua gravidez ser considerada de risco, ela está bem e acompanhada por médicos e enfermeiros.

Procurado

Luiz Carlos foi condenado em 2001 por abusar de uma deficiente, em 1998, também internada. Mas não chegou a cumprir a pena e fugiu. Depois conseguiu emprego no Pequeno Cotolengo, onde trabalha sua esposa.

Mudanças no Cotolengo

Muita coisa deve mudar no Pequeno Cotolengo, principalmente na contratação de funcionários e nas visitas a pacientes. O padre Valdeci Marcolino, diretor da instituição, explicou que a contratação é feita a partir da análise dos currículos, entrevista e entrega dos documentos necessários para a efetivação.

No caso de Luiz Carlos, o currículo era adequado ao trabalho e não havia nada que desabonasse sua conduta. Inclusive, disse o diretor, o suspeito tinha registro válido junto ao Conselho Regional de Enfermagem. “A partir de agora vamos pedir também os antecedentes criminais do candidato à vaga”, informou o padre.

O Ministério Público está ajudando nas mudanças, e até a delegacia que cuidou do inquérito vem dando orientações em relação a estes novos processos. “A vontade que tenho é de chorar. Tudo isso está sendo muito doloroso para a instituição. Estamos chocados. Às vezes não notamos que há alguém com mau coração entre nós”, disse Valdeci. O Pequeno Cotolengo tem 45 anos de funcionamento e abriga 230 internos.