Dinheiro misterioso

Eduardo Requião está contra a parede no caso dos dólares

A denúncia do furto de 180 mil dólares de dentro de seu apartamento e a exigência da devolução dos bens comprados com a quantia furtada poderão sair muito mais caro ao ex-superintendente do Porto de Paranaguá Eduardo Requião de Mello e Silva (irmão do ex-governador Roberto Requião) que o prejuízo dado pela ex-empregada E.Q.J. A avaliação é de criminalistas que acompanham o caso, desde que ele foi divulgado.

Até agora a origem dos dólares não foi informada por Eduardo Requião, embora a promotora Ângela Domingos Calixto, do Ministério Público, tenha pedido à Justiça para notificá-lo. Por outro lado, a Receita Federal também deverá abrir um processo fiscal para apurar a origem do dinheiro americano e verificar se a quantia consta na declaração de imposto de renda dele deste ano. Se não houver esclarecimento, Eduardo Requião pode incorrer em crime de sonegação fiscal.

Também a Polícia Federal deverá abrir inquérito e iniciar investigação, já que não se pode portar moeda estrangeira sem declarar a origem. Caso a PF não se manifeste, pode incorrer em crime de prevaricação.

Devolução

Depois de denunciada por Requião, no Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), a doméstica confessou o furto e se dispôs a devolver a quantia, passando para o nome de Requião os bens comprados com o dinheiro. Ela transferiu para ele quatro imóveis, que somam R$ 565 mil.

A acusada, em documento que consta no processo criminal, alegou devolver quantia maior que o furtado, porque havia “investido” o dinheiro e para “reparar danos morais” ao ex-patrão. Criminalistas asseguram que Requião não pode ficar com o valor excedente (R$ 205 mil). Para receber pelos danos morais, ele terá que entrar com outro processo contra a ex-empregada. Se, ao final do processo, os danos forem considerados menores, terá que devolver o dinheiro para ela.

Sigilo

A Polícia Civil deveria explicar porque o Cope (que é uma força especial e que deve ser acionada em casos de grande monta) foi mobilizada para atender um caso de furto simples, com autoria conhecida. O distrito policial do bairro seria a delegacia competente para a abertura do inquérito ou a Delegacia de Furtos e Roubos, especializada nessas ocorrências.

A suspeita é que, no Cope, seria mais fácil manter sigilo sobre a denúncia do furto e consequente abertura de inquérito policial. No entanto, causa estranheza a polícia não exigir de Eduardo Requião a comprovação da origem dos dólares furtados do apartamento dele.