Estudante é executado após se envolver em briga

O estudante de Direito Thiago Klemtz de Abreu Pessoa, 19 anos, foi morto a tiros na Rua Júlia da Costa, quase esquina com a Rua Euclides da Cunha, no Bigorrilho, por volta de 5h de ontem, após deixar uma festa acontecida na Sociedade Harmonia, situada a uma quadra do local.

Ele e amigos teriam se envolvido numa briga com um dos seguranças da sociedade, mas a polícia tem dúvidas se a morte está relacionada com esta briga, ou se houve outra confusão do lado de fora, quando os rapazes apedrejavam carros no estacionamento.

Um suspeito do homicídio foi detido e levado à Delegacia de Homicídios. Mas, até a noite de ontem, as autoridades não confirmaram a autoria. Trata-se de um policial militar, provavelmente lotado hospital da PM, e que não estava no interior da sociedade nem tinha se envolvido na discussão com o segurança.

Segundo testemunhas, no final da madrugada, Thiago e os amigos – aparentemente embriagados – foram colocados para fora do estabelecimento, depois de agredirem um segurança.

Enquanto de um lado acontecia a discussão entre os rapazes e os seguranças, do outro, um homem, de aproximadamente 24 anos, que se identificou como policial militar, foi barrado na entrada por estar portando uma arma de fogo. Ele voltou para o carro e não foi mais visto.

Confusão

Revoltados por terem sidos retirados da festa, os rapazes passaram a atirar pedras no telhado do salão e também contra os carros no estacionamento. O organizador da festa chamou a polícia. Quando deu o telefonema, nem sabia que Thiago, seus amigos e o policial barrado na entrada tinham iniciado outra confusão do lado de fora.

“Quando a polícia chegou, achei que era por que nós havíamos chamado. Só depois ficamos sabendo que havia uma pessoa baleada”, comentou o organizador. Thiago levou dois tiros no peito e um na cabeça. Morreu na hora.

Segundo o promotor do evento, muitas pessoas presenciaram e condenaram a ação dos rapazes. “Não sabemos quem é o policial suspeito, mas posso garantir que não foi nenhum dos nossos seguranças”, afirmou.

Investigações

O delegado Rodrigo Brown de Oliveira, que preside o inquérito, disse à noite que não era possível afirmar que o policial militar é o autor do crime. Testemunhas, familiares e amigos de Thiago, funcionários da casa noturna e organizadores da festa foram chamados para depoimentos. Só depois de todos serem ouvidos, é que o suspeito será interrogado.

Também um exame de balística deverá orientar o procedimento da polícia. A arma do suspeito foi apreendida e encaminhado ao Instituto de Criminalistica. Seus projeteis serão comparados aos retirados do corpo da vítima.

Os familiares do rapaz foram ao Instituto Médico Legal pela manhã e, no final da tarde, à Delegacia de Homicídios. O pai, transtornado, não teve condições de comentar o assunto.

Uma mulher que o acompanhava disse que Thiago era estudante de Direito, morador em Curitiba, e o restante da família ainda não havia recebido a triste noticia da sua morte.

Harmonia só existe no nome

Márcio Barros

Quem mora nas proximidades da Sociedade Harmonia conta que, nas últimas três semanas, as confusões têm acontecido com freqüência. No sábado passado um homem foi agredido e teve que ser socorrido pelo Siate.

“Durante muito tempo a casa ficou fechada. Nesse período, tínhamos paz. Mas agora é difícil passar um fim de semana sem se incomodar”, contou um vizinho. Ele disse também que, além do som alto, os freqüentadores do estabelecimento saem bêbados, mexem com os cachorros da vizinhança e geralmente saem com os carros em alta velocidade. “A gente chama a polícia, mas como o problema é sempre perturbação do sossego, eles nunca aparecem. Infelizmente desta vez, quando eles vieram, j&a,acute; era tarde”, completou.