Escolhido novo sub-comandante da Polícia Militar do Paraná

Em meio a uma verdadeira guerra de boatos e justificativas, o coronel Luiz Rodrigo Larson Carstens foi indicado, ontem, para assumir a chefia do Estado Maior da Polícia Militar do Paraná, em substituição ao coronel Celso José Mello, afastado do cargo na terça-feira passada, tão logo retornou de férias.

Carsten exercia a função de assessor militar na Secretaria da Segurança Pública e, a exemplo de Mello, também já foi comandante da Polícia Rodoviária Estadual. Ele deve assumir o sub-comando da corporação nos próximos dias.

Por outro lado, coronel Mello será assessor parlamentar do comandante geral, coronel Anselmo Oliveira, conforme informou a chefia da Comunicação Social da PM.

Oliveira é presidente do Conselho Nacional de Comandantes Gerais (CNCG) que este ano promoverá a 1.ª Conferência Nacional de Segurança Pública, para debater todos os assuntos referentes à área, que estão sendo tratados pelo Congresso Nacional, inclusive a unificação das polícias.

“É um assunto de grande interesse nacional e o coronel Mello, com seus mais de 30 anos de experiência no setor, poderá colaborar de forma valiosa na organização da conferência”, afirmou o major Everon César Puchetti Ferreira, da Comunicação Social.

Boatos

A troca do sub-comando da corporação, no entanto, não teria sido tão pacífica nem por motivo tão simples, conforme boatos que circulam nos corredores dos quartéis de todo o Paraná.

Oficiais e praças revelam, entre dentes, que há um motivo bem mais grave para o afastamento de Mello, que já vem sendo tratado desde o ano passado, quando um juiz federal de Umuarama sofreu um atentado a tiros.

Há quem garanta que nos próximos dias poderá ser decretada pela Justiça Federal, a prisão preventiva de Mello. O comando da PM não confirma esta informação e diz que a substituição de Mello por Carsten não tem nada a ver com esta boataria e insiste que se tratou de um “movimento de oficiais” normal dentro da corporação.

Por outro lado, desde que retornou das férias, Mello é visto perambulando pelo quartel, inclusive na tarde de quarta-feira, quando é folga geral na corporação. Ontem ele almoçou no refeitório dos oficiais, coisa que não costumava fazer. Alguns arriscam a dizer que ele já está “aquartelado”, por conta da complicação com a Justiça Federal.

Escândalo derruba cúpula de Paranavaí

Enquanto na capital é grande o interesse para se saber o porquê da substituição do coronel Mello na chefia do Estado Maior da Policiai Militar, em Paranavaí uma nova denúncia de escândalo sexual derrubou a cúpula do 8.º Batalhão da PM.

O comandante, tenente coronel Antônio Olímpio Ramires Lima, o sub-comandante, capitão Hélio de Oliveira, e um instrutor do curso de formação de soldados, foram afastados dos cargos e responderão a procedimento administrativo, para que as denúncias sejam apuradas.

Três pessoas procuraram, na semana passada, o Comando do Policiamento do Interior (CPI), em Curitiba, para revelar que alunas soldados estavam sendo submetidas a assédio sexual desde o início do curso (em abril do ano passado) e que pelo menos três delas foram molestadas pelo comandante e pelo sub. Também denunciaram a ocorrência de “festinhas” semanais na sede do quartel, realizadas na sala da Rotam, unidade de elite da corporação.

Os maridos das alunas soldados tomaram conhecimento dos fatos e chegaram, segundo a denúncia, a agredir as mulheres. Uma delas, que nunca quis denunciar os abusos com medo de perder a farda, está desesperada e, conforme familiares, ameaça até se suicidar. Outro foi tirar satisfações dos oficiais, no quartel, e lá teriam dito que era um “sargento” que estava “dando em cima das mulheres”.

Problema antigo

O batalhão de Paranavaí, deve, no mínimo, ser afrodisíaco. Em 2007, outro comandante tenente coronel Marcos de Castro Palma também foi afastado após um escândalo sexual. Ele estaria tendo um caso com a mulher de um capitão, seu subordinado direto. Quando foi descoberto, teve que deixar a cidade às pressas, para não ser morto.

Assumiu o então major Lima, que depois foi alçado ao posto de tenente-coronel. Já naquela época muita gente ficou insatisfeita com a chegada de Lima, que tinha respondido a procedimentos administrativos e sido alvo de um extenso relatório datado de abril de 2005, que o denunciava como envolvido em casos que iam desde contrabando de armas e de cigarros, até extorsão, negociações irregulares com carros e motocicletas, desvio de dinheiro para combustível e até venda de vagas para um curso de Medicina de uma faculdade de São Paulo.

A Polícia Militar confirmou ontem o afastamento dos oficiais e informou que vai para lá a major Audilene Rosa de Paula Dias Rocha, que é sub-comandante do Batalhão de Maringá.