Apenas 30% das crianças se sentem seguras na escola

As escolas deixaram de ser lugares totalmente seguros à integridade física e moral de crianças e adolescentes. Recentemente, uma pesquisa realizada pelo Núcleo de Análise do Comportamento da Universidade Federal do Paraná (UFPR) com 245 meninos e meninas revelou que apenas 30% deles disseram se sentir seguros na escola. Nos Estados Unidos, um estudo semelhante resultou num índice de 60% à mesma questão.

Nos últimos anos, o bullying, termo utilizado para descrever atos de violência física ou psicológica, se tornou prática comum nas escolas brasileiras, sejam elas públicas ou particulares, grandes ou pequenas. Ele se dá entre crianças e adolescentes de ambos os sexos, gerando prejuízos tantos aos agredidos quanto aos agressores.

“Notamos que, geralmente, os agressores reproduzem o que aprendem em casa. Na maioria das vezes, eles são filhos de pais negligentes, que utilizam de punições corporais e tem uma comunicação negativa com seus filhos. Já os agredidos costumam se manter em silêncio, na maioria das vezes não revelando que são vítimas de violência a pais e professores”, comenta o integrante do Núcleo, Josafa Cunha, que ontem, em Curitiba, participou de um seminário sobre o assunto.

Entre as crianças e adolescentes do sexo masculino, as agressões costumam ser diretas, isto é, através de violência física e xingamentos. Já entre as meninas, a agressão é mais relacional, ocorrendo através da exclusão de brincadeiras e da propagação de rumores e boatos. “Muitas vezes, a agressão relacional não é levada a sério. Entretanto, assim como a física, ela é muito grave, podendo ferir bastante a vítima.”

Independente da forma em que ocorra, o bullying pode deixar seqüelas, inclusive para a vida adulta. “As vítimas podem ter depressão e se tornarem pessoas que não se ajustam, por exemplo, ao ambiente de trabalho”. Para combater o problema, que muitas vezes pode estar associado ao preconceito, Marcelo acredita que os professores e demais integrantes de escolas devem colocar em prática o exercício da tolerância e do respeito às diferenças entre os seres humanos.

“A escola deve ser um lugar onde se valoriza o saber. Por isso, as instituições devem ter regras claras e diretas em relação à violência e os educadores devem estar sempre buscando recursos para combater as situações logo que elas começam a acontecer. Muitas vezes, apenas suspender os alunos ou enviar bilhetes aos pais é insuficiente.”