Gangues trocam ameaças pela internet

Atenção polícia! O confronto entre as gangues do São Braz e Campina do Siqueira está marcado para sábado, em uma casa noturna, no Campo Comprido. Essa informação está nas entrelinhas dos recados deixados por integrantes das gangues, no site de relacionamento Orkut.

Essas ameaças já vêm sendo denunciadas pelo Paraná-Online há mais de quatro meses. No entanto, com a lentidão das investigações, as ameaças estão sendo cumpridas e nesse período, quatro jovens foram assassinados e outros, baleados.

O último caso aconteceu no domingo, quando os pedreiros John Lenon Rodrigues de Oliveira e Marllon Dias da Silva, ambos de 18 anos, foram mortos a tiros. No perfil de cada um, mensagens de familiares e amigos, no entanto, alguns recados, além de despedidas, fazem ameaças e juras de vingança pela morte dos rapazes.

Recados

Segundo os recados deixados nas páginas das vítimas e de seus amigos, no sábado, dia 27, uma garota da gangue que se intitula Comando do Extermínio (CDE) brigou com outras da Vila Sandra. Para domingo, já estariam se preparando para a vingança da briga entre as jovens e que pode dar em morte.

O delegado Demetrius Gonzaga de Oliveira, do Núcleo de Combate aos Cibercrimes, disse que todos os recados do Orkut podem servir como prova criminal.

No caso das gangues do São Braz, o delegado afirmou que só pode agir mediante a solicitação da Delegacia de Homicídios, que investiga os dois últimos crimes, ou do 12.º Distrito Policial (Santa Felicidade), que trabalha nas outras mortes, com autoria conhecida. “Estamos à disposição para ajudar nas investigações”, afirmou Demetrius.

Qualquer um tem acesso às mensagens no Orkut.

Apenas um local de encontro

Entre os moradores da vila surgem boatos que as ameaças são verídicas e que para serem colocadas em prática, basta apenas o encontro, que pode ser em uma cancha de futebol, como aconteceu com John e Marllon, ou então, em uma rua deserta, como com Cristiano de Freitas de Oliveira, 21, assassinado em 10 de agosto, na Rua Nelson Thomaz.

Enquanto Cristiano era recolhido pelo Instituto Médico-Legal (IML), a algumas quadras do local do crime, Diego dos Santos, 18, conhecido como “Nego Bala” -apontado por amigos de Cleverson como o autor do homicídio – foi ferido com três tiros na barriga.

Dois dias antes, um rapaz, de 18 anos, e dois adolescentes, de 15, foram baleados, na Rua Professor Lucir Galieri, na Vila Rica. Todos, tanto os mortos quanto os feridos, são vítimas da briga de gangues.

Reforço

O superintendente Rubens Chaves, do 12.º DP (Santa Felicidade), disse que não tem novidades sobre os casos sob sua responsabilidade, mas comemorou a chegada de mais delegados, investigadores e escrivão no seu distrito.

“Nossa equipe aumentou, recebemos mais dois delegados-adjuntos, dois investigadores e um escrivão. Vamos trabalhar com mais eficiência”, garantiu. Para a morte de Cristiano, o superintendente Chaves disse que um rapaz, identificado como “Danilinho”, foi indiciado no crime mas está foragido.

No entanto, um morador, que não quis se identificar, disse que, quando fazia pesquisas no Orkut, encontrou fotos do suspeito, no perfil de um rapaz, morador no Campina do Siqueira. Como a gangue CDE e a do Campina são rivais, aumentam as possibilidades de o crime estar diretamente relacionado com a rivalidade entre eles.

Rastreamento

O delegado Demetrius Gonzaga de Oliveira, do Núcleo de Combate aos Cibercrimes, disse que todos os recados do Orkut podem servir como prova criminal, mas para isso, o denunciante deve salvar o material e, principalmente, a identificação do computador (IP).

“Muitas pessoas se sentem ameaçadas por recados deixados no Orkut, ou então, recebidas de um e-mail falso. Para que esse material seja investigado, precisamos saber a origem”, contou.