Cupins infestam 70% dos imóveis da capital

Quase 70% dos imóveis de Curitiba e Região Metropolitana são atacados por cupins ou “brocas de madeira seca”. A afirmação é do veterinário Dorival Rodrigues, controlador profissional de praga e responsável técnico da Atual Controle de Pragas. Segundo ele, na região central da capital, onde as construções são mais antigas, a incidência chega a quase 100%, assim como no litoral paranaense. “A proliferação se deve principalmente ao desconhecimento do inseto pela população, que acaba não tomando medidas preventivas”, aponta Rodrigues.

O baixo nível de profissionalização das empresas que atuam no setor é outro fator preponderante. Segundo o médico veterinário, apenas 5% desses estabelecimentos são regulamentados e têm conhecimento sobre biologia, hábitos das espécies, tecnologias novas e equilíbrio ecológico.

De acordo com Dorival Rodrigues, os cupins e as brocas começaram a se instalar no Sul do País no século XIX. Mas foi só nas últimas décadas que a “praga urbana” se alastrou. “O inchaço nos grandes centros acelerou o desequilíbrio ecológico”, aponta.

Entre os fatores que favorecem a proliferação estão o aumento da temperatura e o uso de determinadas madeiras, como pinho e pinus, quando não tratadas. Já madeiras como a peroba, itauba, ipê e imbuia são menos suscetíveis, explica Rodrigues. “Muitas pessoas quando vão a marcenaria recebem a informação de que a madeira é tratada, mas nem sempre isso é verdade. Há um grande jogo comercial nisso”, revela. Segundo Rodrigues, para uma prevenção eficiente e duradoura, a madeira tem que ser tratada conforme padrões da ABPM, com garantia, em nota fiscal, de até quarenta anos.

Dez anos

De acordo com o veterinário, em dez anos de infestação, o imóvel já começa a apresentar riscos, como rupturas. “A gente tenta alertar a população sobre a importância de inspecionar os imóveis, subir na estrutura do forro, mantê-lo limpo, mas a maioria só procura nossa ajuda quando a infestação está em estágio bem avançado”, lamenta, acrescentando que deveria haver campanha maciça de esclarecimento. “A praga deve causar grande impacto econômico nas próximas décadas.”

Rodrigues alerta ainda sobre a doação de móveis velhos. “Normalmente, quando a pessoa vê que um móvel está infestado de cupim, doa para alguém mais carente. O problema é que isso acaba incentivando a proliferação da praga na casa de outra pessoa”, diz. A alta incidência no litoral tem o mesmo motivo: mobília antiga, além de alta temperatura. “As pessoas levam móveis infestados para a casa de praia”, critica. “É um hábito que tem ser mudado.” O médico lembra que, em estágio muito avançado, é melhor que a mobília seja inclusive incinerada.

Medidas para a prevenção

Auxiliar na conscientização de vizinhos, alertando-os para os prejuízos causados por cupins e brocas;

Vistoriar periodicamente as mobílias, sótãos, forros, estruturas de coberturas e depósitos. A presença de “pó de cupins? ou “pó de brocas? indica que existe infestação e necessita de providências imediatas;

Nos períodos de revoadas, observar se houve invasão de aleluias. A presença das asas é um sinal de alerta;

Realizar limpeza e aspiração de forros nos sótãos e lajes de cobertura. Esta medida, além de facilitar inspeções periódicas das estruturas, melhora a eficiência dos tratamentos realizados. É recomendada também para controle de aranhas, traças, formigas carpinteiras, ácaros e para melhorar a qualidade do ambiente e evitar alergias;

Evitar entulhos de móveis velhos, peças de madeira, tecidos, artesanatos de palha, vime, cana-de-índia e junco, caixas de madeira, papelão e livros em depósitos fechados, forros e sótãos;

Móveis muito infestados devem ser descartados e queimados e se pouco infestados devem ser corretamente tratados antes de serem doados ou transportados para casas de praia ou de campo;

Tratamentos inseticidas estratégicos devem ser realizados nas épocas de revoadas com produtos de ação prolongada de uso profissional, para eliminar as aleluias (reis e rainhas) antes de entrarem na madeira;

Realizar o tratamento externo da madeira com pulverização ou pincelamento antes da pintura ou selamento;

Tratamentos preventivos se realizados com Jimo cupins deve ser repetidos a cada dois anos;

Não usar madeiras de aproveitamento na construção e eliminar restos no final da obra;

Não adquirir imóveis usados, sem antes realizar uma inspeção cuidadosa ou contratar uma inspeção detalhada de profissional confiável. Imóveis infestados podem ser um grande problema;

Realizar vedações de rodapés, batentes, junções, furos ou rachaduras na madeira. Os cupins necessitam de uma porta de entrada na madeira ou lugar para se esconderem e iniciar o ninho.

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