Casal de curitibanos morre em Santa Catarina

Um pacto de morte pode ter interrompido as vidas dos curitibanos Joelma Beatriz Girett de Lima, 34 anos, e Hélcio Fernando Palumbo, 22. O casal foi encontrado por uma camareira, dentro do quarto 304 do Hotel Joaquina Beach, na Praia da Joaquina, uma das mais badaladas de Florianópolis, na tarde de anteontem.

Os dois trabalhavam no setor de transplante de medula óssea, no Hospital de Clínicas, em Curitiba. Joelma era enfermeira do hospital há quase dez anos e Hélcio, assistente administrativo desde novembro de 2005.

Estranhando que os hóspedes não liberavam o quarto para limpeza há alguns dias, o pessoal do hotel orientou a camareira para que abrisse a porta com a chave-mestra. Os dois foram encontrados mortos, deitados sobre a cama e sem roupas. Tubos de soro fisiológico estavam aplicados aos braços do casal, que havia se hospedado no hotel na última quinta-feira.

O delegado Anselmo Cruz, do 10.º Distrito Policial de Florianópolis, acredita na hipótese de pacto de morte. Uma agenda de Joelma, encontrada no local, indica que o duplo suicídio foi premeditado. Bilhetes escritos em tom de despedida, como ?encontrei a pessoa certa?, ?estou feliz porque não suportava mais viver assim à espera? e ?não existe um culpado, estamos juntos?, reforçam a hipótese do policial. Além disso, de acordo com o delegado, Joelma teria deixado orientações para que cuidassem de sua mãe.

Mortes

Laudos da perícia devem ser liberados em 20 dias, porém, as primeiras investigações apontam para uma overdose de medicamento para diabetes. ?Encontramos 16 frascos de insulina vazios?, contou o delegado. Ainda foram achados, no quarto, seis seringas, remédios antidepressivos e um notebook ligado, que foi recolhido para investigação.

A polícia acredita que Hélcio tenha morrido quatro dias antes de ser encontrado, pois seu corpo já estava em estado de decomposição.

O corpo de Joelma ainda não havia iniciado a putrefação e, por isso, a suspeita é de que ela tenha morrido, no mínimo, 24 horas depois de seu companheiro. De acordo com informações da delegacia local, Hélcio tinha debilidade no coração, causada pelos anabolizantes que tomava.

?É possível que eles tenham iniciado o processo de suicídio juntos, mas devido ao problema cardíaco de Hélcio, ele morreu antes?, contou o delegado. Funcionários do hotel estão sendo ouvidos, pela polícia, para esclarecer quais foram os últimos passos dos dois.

Os corpos foram liberados ontem pelo Instituto Médico-Legal (IML), de Florianópolis. O corpo de Joelma foi levado a Paranaguá, para que fosse realizado o enterro, no Cemitério Jardim Eterno, e o de Hélcio veio para Curitiba, onde foi sepultado, às 17h de ontem, no Cemitério Parque Iguaçu.

Famílias pegas de surpresa

As famílias do casal estavam muito abaladas e não quiseram se manifestar a respeito do caso. Apenas algumas informações foram passadas. Familiares do rapaz informaram que Hélcio estava desaparecido há alguns dias e que não sabiam se ele e Joelma eram namorados ou apenas amigos. A polícia entrou em contato com parentes de Hélcio, por telefone. Eles poderão ser convocados para ir até Florianópolis ou prestar depoimento em Curitiba. Duas irmãs de Joelma foram até a delegacia, em Florianópolis, na manhã de ontem, e afirmaram não haver motivos para os suicídios. De acordo com elas, o casal namorava há um ano e a irmã falava até em casamento.

Insulina só mata em superdosagens

Marcio Barros

O médico Agajan Antonio Andranick der Bedrossian, presidente do Instituto de Diabetes do Paraná, disse que o uso incorreto da insulina pode causar a morte. O médico disse, ainda, que a insulina é medicamento fundamental para pessoas diabéticas, mas sempre com acompanhamento médico. ?Somente o uso incorreto do medicamento pode provocar a morte. Pessoas que necessitam do remédio podem tomar tranqüilamente, sempre observando as instruções médicas?, afirmou.

O médico explicou que a insulina diminui os níveis de glicose no corpo, com isso, a energia que abastece o sistema nervoso central é reduzida, provocado coma hipoglicêmico. Em seguida, ocorrem alterações graves nas funções respiratórias e cardíacas, que evoluem para parada cardíaca e morte. ?Todo esse processo é relativo à dose utilizada. A superdosagem pode levar à morte em poucos minutos?, explicou.

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