A primeira rádio do Paraná completa 78 anos

Celebrar é sempre relembrar um passado que ajudou a construir o presente, que é a garantia de um futuro promissor.

A emissora mais antiga do Brasil em funcionamento e pioneira da radiodifusão no Paraná, a Rádio Clube Paranaense-B2, está completando 78 anos de fundação. Foi às 11h da manhã de 27 de junho de 1924 que, oficialmente, a Clube-B2 foi ao ar pela primeira vez. Curitiba tinha apenas 70 mil habitantes e conservava seus hábitos de cidade tranqüila de uma época marcadamente provinciana.

Os heróis daquela manhã histórica estavam reunidos na Mansão das Rosas, residência do ervateiro Francisco Fido Fontana, na Av. João Gualberto. Eram eles: Lívio Gomes Moreira, João Alfredo Silva, Moreira Garcez, Oscar Joseph de Plácido e Silva, Ludovico Joubert, Euclides Requião, Bertoldo Hauer, Gabriel Leão da Veiga, Alberico Xavier de Miranda e Olavo Bório. Um grupo de amigos que gostava de ouvir radiogalena. O primeiro transmissor tinha a potência de apenas 3 watts na antena. Hoje, aos 78 anos, a Clube tem 50 mil watts de potência em AM e mais três ondas curtas cobrindo o Paraná e, praticamente, todo o Brasil.

Durante 22 anos, até 1946, foi a única emissora de rádio de Curitiba. Passou por diversos donos e muitas sedes. Seu período de ouro foi nas décadas de 40 e 50, quando funcionou na Rua Barão do Rio Branco, quase na esquina com a Avenida Marechal Deodoro. O prédio ainda está lá. Nesse local, pelos estúdios da Rádio Clube passaram os maiores artistas nacionais. Foi ali também que inúmeros artistas, locutores e apresentadores alcançaram fama e se projetaram no cenário da radiofonia e do teatro nos grandes centros. Os curitibanos mais antigos lembram, com saudade, os programas de auditório, com audiência garantida, as radionovelas e seus atores, os programas de calouros, o jornalismo, como a Revista Matinal, e várias outras atrações.

Com a chegada da televisão, em 18 de setembro de 1950, a crise que se abateu sobre as emissoras brasileiras também atingiu a Rádio Clube Paranaense. O patrimônio dos paranaenses, a Rádio Clube, não poderia simplesmente desaparecer como aconteceu com as suas duas coirmãs, praticamente fundadas na mesma época: a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro e a Rádio Clube de Pernambuco. A Cúria Metropolitana de Curitiba, tendo à frente o arcebispo dom Pedro Fedalto, em 1973, resgatou a Rádio Clube para os paranaenses, e dela cuidou por 19 anos, com seus estúdios funcionando no prédio da Rua Dr. Muricy, esquina com a Rua Saldanha Marinho.

No final de 1992, a Clube passou a integrar o complexo de comunicação de um projeto audacioso e de futuro promissor, sob a gerência dos Irmãos Maristas, conduzido, naquela ocasião, pelo professor Clemente Ivo Juliatto, reitor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná desde 8 de janeiro de 1998. Os estúdios da emissora passaram a funcionar no bairro Rebouças, na Rua Rockefeller, 1311, num espaço amplo e digno do passado glorioso. Era o impulso que a Clube precisava para continuar marcando a história do rádio no Paraná e no Brasil, pela sua credibilidade e força de propósito na construção de uma sociedade pautada pela cidadania, espírito de solidariedade e justiça.

Hoje, a Clube integra o complexo denomiando Lumen – Centro de Comunicação, dos Irmãos Maristas, que reúne quatro rádios (Clube Paranaense-B2, Clube FM, Rádio Paraná, Rádio Educativa FM), TV Educativa, repetidora da Rede Vida, jornal Voz do Paraná, produtora de TV e gráfica. Todo esse complexo de comunicação está, agora, sob a responsabilidade do professor Sérgio Rogério Azevedo Junqueira, que é também presidente da Fundação Nossa Senhora do Rocio, que mantém a Clube Paranaense. No seu entendimento, a Clube-B2 “precisa continuar sua trajetória marcante de 78 anos na qualidade de emissora competitiva e coerente com seus princípios de autonomia editorial, servindo aos interesses e necessidades dos ouvintes espalhados por Curitiba, Paraná, Brasil e pelos quadrantes da terra”.

Luiz Witiuk

é professor universitário e diretor de jornalismo da Rádio Clube Paranaense.

Voltar ao topo