Homens são os que mais cometem crimes passionais

A tênue linha que separa amor e ódio é facilmente rompida quando o ciúme exacerbado toma conta de uma relação. Por isso, muitas pessoas que sentem-se traídas, mesmo não sendo, cometem loucuras e chegam a matar, impulsionadas pelo ciúme doentio. O caso mais recente aconteceu na última terça-feira, quando Adair Barroso Santos, 32 anos, que fantasiosamente acreditou estar sendo enganado, assassinou sua esposa Sirlei Leal, 27, e o suposto amante, Aparecido Costa Viana, 30 anos.

O ciúme é um sentimento comum ao ser humano, porém, quando resulta em tragédia, passa a ser considerado patológico. De acordo com o médico psiquiatra e chefe do laboratório de Hipnose Forense do Instituto de Criminalística, Rui Fernando Cruz Sampaio, o ciúme deixa de ser normal quando a pessoa torna-se dona da vida de quem ama, impedindo-a de viver com a menor liberdade, e quando o sentimento de posse torna-se maior que o amor. Foi o que aconteceu com Adair e Sirlei. Por mais que ela demonstrasse com freqüência o quanto era apaixonada pelo marido, a desconfiança dele foi maior, tanto quer a obrigou a deixar o emprego. Porém, não é apenas o ciúme patológico que pode levar uma pessoa ao descontrole e ao extremo de cometer um crime. Somado a isso, está um tipo de personalidade, chamada de paranóide, e a impulsividade. De acordo com Sampaio, no desenvolvimento da personalidade da pessoa, algumas criam esta característica, responsável pelo sentimento ou delírio de estar sendo constantemente traída ou enganada. Essas pessoas não desconfiam apenas da namorada ou do marido, mas também de amigos, parentes e qualquer outro que, fantasiosamente, possa vir a lhe enganar. Completando o quadro está a impulsividade. "Quando alguém desenvolve o ciúme patológico, possui a personalidade paranóide e além disso age por impulso em várias situações, a desconfiança de que está sendo traído geralmente termina em assassinato", explica Sampaio.

Muitas vezes os impulsivos se suicidam depois de cometer um crime. O que ocorre é que seguido do assassinado vem o sentimento de remorso, o que faz o criminoso pôr fim à própria vida como forma de fugir da angústia e da culpa gerada. "Se a pessoa que se sente traída parasse e contasse até 10, ela conseguiria controlar seu ímpeto. Por isso é muito recomendável que casais que sofram de ciúme patológico, personalidade paranóide e impulsividade, façam uma terapia", explica Sampaio.

Homens e mulheres

As mulheres reagem de forma diferente. Segundo Sampaio, elas são culturalmente mais passivas, nelas impera o aspecto maternal e são mais calmas. Os homens são, na maioria das vezes, machistas, mais agressivos e matam para lavar a honra. "Porém, quando uma mulher comete um crime passional ela age, geralmente, com mais violência que o homem, pelo fato de externar o sentimento que reprimiu durante algum tempo. Isso é visto quando a esposa castra o marido, por exemplo", explica Sampaio.

Por fim, o médico conclui que a maioria dos crimes passionais é cometida por uma traição imaginária, que resulta em pôr fim à vida de alguém que jamais foi infiel na relação.

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