O economista sul-coreano Hoesung Lee, de 69 anos, foi eleito ontem presidente do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC). O grupo de cientistas ligados à ONU é responsável por avaliar o conhecimento que existe em torno do problema do aquecimento global e produzir relatórios que apresentam o que de melhor a ciência sabe sobre o assunto.
Lee assume a vaga que o indiano Rajendra Pachauri ocupava desde 2002. Ele foi afastado em fevereiro deste ano após acusações de assédio sexual.
“O IPCC permanece comprometido em oferecer aos tomadores de decisão avaliações científicas sobre as mudanças climáticas com a mais alta qualidade, mas podemos fazer mais”, disse Lee em um comunicado transmitido pelo IPCC. “A próxima fase será aumentar o entendimento sobre os impactos regionais, especialmente nos países em desenvolvimento, e melhorar a forma como comunicamos nossas descobertas ao público”, afirmou. “Acima de tudo, precisamos prover mais informações sobre as opções para se prevenir e se adaptar às mudanças climáticas.”
Apesar de já ter ocupado outros cargos no painel, como o de vice-presidente, o coreano é pouco conhecido entre climatologistas. Ele bateu cinco candidatos: Chris Field (Estados Unidos), Thomas Stocker (Suíça), Jean-Pascal van Ypersele (Bélgica), Nebojsa Nakicenovic (Áustria-Montenegro) e Ogunlade Davidson (Serra Leoa). Os três primeiros eram os mais cotados. O resultado foi obtido em dois turnos. No segundo, Lee bateu Ypersele por 78 a 56.
Para o físico brasileiro Paulo Artaxo, um dos membros do painel que reúne milhares de cientistas de todo o mundo, a ligação do economista coreano com o setor empresarial pode ajudar a fazer a ligação entre a ciência do IPCC e o setor de empresas energéticas. “Como a redução de emissões do setor energético é chave para uma estratégia de mitigação efetiva, e o trabalho de mitigação e adaptação é onde as atividades do IPCC estarão centradas nos próximos anos, um pesquisador com este perfil pode ser uma boa alternativa.”
As eleições continuam nesta quarta-feira, 7, quando devem ser eleitos os vice-presidentes e os copresidentes dos três grupos de trabalho. O Brasil tem uma representante concorrendo, a matemática Thelma Krug, do Inpe, que tenta uma das vice-presidências.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.