Qualidade de rios que abastecem interior de SP piorou em 2014

Os rios mais utilizados para abastecimento público no Estado de São Paulo registraram queda no padrão da água em 2014, segundo o índice de qualidade da água medido pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb). A maioria teve períodos em que a qualidade atingiu o nível péssimo, entre eles os rios das bacias do Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), que formam o Sistema Cantareira e abastecem as regiões de Campinas e Piracicaba. De acordo com a Cetesb, a seca severa de 2014 contribuiu para piorar a qualidade dos rios.

Dos 315 pontos de medição nos principais rios, 90 apresentaram em 2014 a pior qualidade dos últimos seis anos, sendo que 50% destes foram classificados nas categorias péssima e ruim. As categorias ótima, boa e regular contabilizaram 79% em 2014, o que representou uma redução de 5% nestas categorias em relação a 2013. O porcentual de rios com qualidade péssima subiu de 6% para 9% e de qualidade ruim foi de 10% para 12%. Do total de pontos monitorados, 82% apresentaram piora no índice.

Destes, a maioria situa-se nas bacias do PCJ. O Rio Piracicaba, por exemplo, um dos mais conhecidos do interior e que abastece Americana e Piracicaba, passou de ruim para péssimo. Bastante influenciado pela escassez de chuva, o rio teve piora expressiva na qualidade de suas águas, principalmente entre Limeira e Piracicaba, onde o índice chegou a péssimo em função da elevada concentração de esgotos. Adiante, em Santa Maria da Serra, a água se manteve ruim.

O Rio Atibaia, que abastece Campinas e outras quatro cidades da região, apresentou piora em todos os pontos de medição. O pior trecho, entre Paulínia e Americana, por receber esgoto e efluentes industriais, teve índice entre ruim e péssimo. O Jaguari, que abastece Limeira, Hortolândia e outras quatro cidades, também apresentou queda de qualidade por causa da escassez de chuvas – em Jaguariúna, o índice caiu de bom para regular.

Os índices do Capivari, que complementa o abastecimento de Campinas, oscilaram entre ruim e péssimo, com tendência para piora. O Camanducaia, fornecedor de água para Amparo, baixou de bom para regular. O Rio Jundiaí, que passou a abastecer Indaiatuba, teve aumento na concentração de poluentes, principalmente próximo da foz, em Salto.

Rios de bacias vizinhas também pioraram. O Mogi Guaçu, que abastece Pirassununga, regrediu de regular para ruim, principalmente em razão da piora na qualidade do Mogi Mirim, seu principal formador. O Rio Piraí, que abastece Indaiatuba, Salto e Cabreúva, também passou a ter qualidade ruim. O Ribeirão Ferraz, que abastece parte de Sorocaba, oscilou de bom para regular.

Para a Cetesb, a baixa vazão resultante da falta de chuvas contribuiu para agravar as condições dos rios. Este ano, houve melhora no regime de chuvas, mas os principais rios, como o Piracicaba e o Mogi Guaçu, entram no período de estiagem com vazões abaixo da média histórica. “Em 2015 tivemos chuvas 9% acima da média, mas, considerando a estiagem do ano passado, seriam necessárias chuvas 25% acima da média”, avaliou o pesquisador Fábio Sussel, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado em Pirassununga.

Algumas iniciativas tentam reverter o quadro de degradação dos rios. Em Cordeirópolis, um projeto lançado no início deste mês prevê o plantio de 127 mil árvores para recuperar nascentes do Ribeirão do Tatu, afluente do Piracicaba. Um estudo mostrou que a área tem apenas 14% da mata natural. Em Nova Odessa, uma estação inaugurada no último dia 3 vai garantir o tratamento de 100% do esgoto despejado no Ribeirão do Quilombo, também afluente do Piracicaba.

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