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Jornalistas e ativistas batem boca ao debater agressões

Um dia após as agressões sofridas por dois jornalistas que registravam a saída de três manifestantes do Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, na zona oeste do Rio, a presidente do Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio, Paula Mairán, participou de um debate com ativistas, familiares e profissionais da imprensa.

Na quinta-feira, 24, o cinegrafista freelancer do SBT Tiago Ramos torceu o tornozelo e teve o equipamento danificado, assim como o fotógrafo do jornal O Dia, André Mello. Entidades de classe repudiaram as ações violentas.

No encontro, pais e mães de manifestantes fizeram um desabafo sobre o papel da imprensa na cobertura das manifestações e das investigações policiais. Marino D’Icarahy, advogado e pai de Igor D’Icarahy, disse que “a imprensa executou a sentença e condenou” os manifestantes. Para Rose Quadros, mãe de Elisa Quadros Sanzi, a Sininho, a filha estava sendo “demonizada” pela mídia.

“(A agressão) É uma incoerência e um prejuízo para a luta travada nas ruas”, disse Paula. “Não podemos entrar na revanche ou na lógica do olho por olho, dente por dente”. Um bate-boca entre jornalistas e ativistas encerrou o debate.

Agressões

Na quinta-feira, as brigas começaram quando fotógrafos e cinegrafistas se aproximaram para registrar a saída de Elisa e foram impedidos por amigos e familiares dos presos. Houve empurra-empurra enquanto a ativista era levada para o carro, estacionado a cerca de 20 metros do local.

Os dois grupos cercaram o veículo e as agressões físicas começaram, com socos, chutes e pontapés de ambas as partes. Um manifestante ainda não identificado deu um soco na câmera de Ramos e tentou levar o equipamento, que estava preso no braço do jornalista. Na confusão, o cinegrafista se desequilibrou e torceu o tornozelo ao cair no chão.

“Sofri provocações durante todo o dia. Quando Elisa saiu, bateram nas nossas câmeras e tentaram tampar as lentes com as mãos para que não fotografássemos”, contou. O caso foi registrado como tentativa de roubo, que engloba a agressão física. Já o fotógrafo de O Dia teve o flash da câmera quebrado, mas só percebeu após a confusão.

Críticas

O diretor da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), Fernando Molica, afirmou que “todos têm o direito de criticar o trabalho da imprensa, mas não existe justificativa para a agressão física. Quando (os ativistas) fazem isso, se equiparam à policia que tanto condenam”.

“É um contrassenso que aqueles que clamam por liberdade de expressão agridam jornalistas que estão trabalhando. É inaceitável”, analisou o diretor-geral da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), Luis Roberto Antonique. Ele lembrou, porém, que a maioria das agressões sofridas por jornalistas em manifestações foram cometidas por policiais.

Para o advogado João Tancredo, presidente Instituto de Defensores dos Direitos Humanos (IDDH), a conduta dos ativistas “é, sem dúvida nenhuma, uma forma de inibir, de calar a imprensa”.

Colaborou Suellen Amorim

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