Crise

Ministra mostra preocupação com situação hídrica em SP

A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, participou na tarde desta terça-feira, 22, de uma reunião com sete especialistas em recursos hídricos na Agência Nacional de Águas (ANA), para avaliar o abastecimento de água no Estado de São Paulo. Ao deixar o encontro, afirmou: “saí mais preocupada do que entrei”.

Embora tenha evitado politizar o tema, já que a crise ocorre no principal Estado administrado pelo PSDB, a ministra acusou a Sabesp de investir menos que o necessário para evitar o quadro crítico do abastecimento.

A crítica, contudo, foi feita com base no argumento dos técnicos. Segundo a ministra, os especialistas foram unânimes em afirmar que a Sabesp demorou para iniciar aportes na infraestrutura hídrica paulista. “Os especialistas têm dito que faltou investimento”, afirmou, ressaltando que eles apontaram que “se revelaram insuficientes” os recursos aplicados pela estatal do governo de São Paulo. “Os investimentos podiam ter sido feitos desde 2004”, afirmou.

O governo federal trabalha agora com o argumento de que faltou ao governo paulista informar com mais clareza a gravidade da falta de água em São Paulo. “A ênfase da gravidade não foi apresentada ainda para as pessoas”, afirmou o diretor-presidente da ANA, Vicente Andreu Guillo.

Isabella Teixeira indicou também que é necessário “um controle” da demanda e mais informação para que as pessoas reduzam o consumo de água. “É absolutamente importante que se trabalhe melhor um controle sob demanda, que é informar para a pessoa consumir menos, não é só dar bônus. É consumir menos para o caso de acentuação do sistema de chuvas”, disse. Ela indicou, como medida de contenção de consumo, que não basta apenas deixar de lavar o carro. “É reduzir o tempo de banho”, sugeriu.

Sem El Niño.

A ministra recebeu dados de previsão de chuvas sobre o Sistema Cantareira, sobre o qual os especialistas fizeram uma relato pessimista em relação à possibilidade de chuvas a partir de outubro. “A partir de outubro começa a chover, como tradicionalmente chove, mas não sabemos se vai repor o nível dos reservatórios”, disse.

A ministra rebateu o argumento de que o fenômeno climático El Niño possa chegar após o inverno, elevando o nível de chuvas e, assim, compensar os reservatórios de São Paulo. “Não está assegurado que havendo o El Niño no País haverá chuvas. Não há uma correlação de que o El Niño traz chuvas. O El Niño poderá acentuar ou trazer um terceiro ano de seca no País”, indicou.

Conta mais alta.

O grupo reunido na ANA discutiu como medida preventiva, que poderia ser adotada pela Sabesp, a cobrança de uma conta de água mais cara para quem aumentar o consumo, a chamada “tarifa progressiva”. De acordo com a agência reguladora, o consumo aumentou na região metropolitana de São Paulo em 14% desde a intensificação da crise hídrica. “O acréscimo de consumo deve ter também um acréscimo no valor da conta”, sugeriu o diretor-presidente da ANA.

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