Pesquisadores dizem que lixo matou pinguins em SP

Pesquisadores do Aquário Municipal de Santos, no litoral de São Paulo, constataram que o lixo e a falta de alimento adequado estão entre as causas das mortes de alguns dos 600 animais marinhos encontrados nas praias da Baixada Santista nos últimos dias. No início da semana, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) de Santos informou que o surgimento dos animais teria sido provavelmente motivado por causa de uma mudança climática brusca ocorrida no litoral gaúcho durante o último fim de semana. Entretanto, os laudos oficiais do Ibama deverão ser concluídos apenas na sexta-feira.

Embora seja comum o aparecimento de pinguins no litoral paulista nesta época do ano, vindos do inverno na Patagônia, os números de animais mortos são recordes e assustadores: 535 pinguins, 28 tartarugas, cinco golfinhos e algumas aves oceânicas, como atobás, fragatas, albatrozes e andorinhas-do-mar, apareceram mortos ou gravemente debilitados no litoral paulista desde o último dia 6. A cidade com maior número de ocorrências foi Praia Grande, que possui mais de 20 quilômetros de praias.

As autópsias realizadas pelos veterinários do Aquário de Santos em 15 pinguins e uma tartaruga-verde (Chelonia mydas) revelaram que os animais ingeriram lixo, o que causou desequilíbrio energético. Os animais foram recolhidos já mortos na Praia da Gaivota, em Praia Grande, e que em seus organismos foram encontrados parasitas e fungos.

“Na Patagônia, eles consomem anchoítas, que formam enormes cardumes, com centenas de milhares de peixes. Mas no litoral brasileiro, encontram sardinhas, bem mais ágeis que as anchoítas, em cardumes menores e mais espalhados”, disse a veterinária, completando que a diferença na alimentação também facilitou o surgimento de doenças parasitárias.

Os veterinários do Aquário divulgaram ainda que cerca de 60% dos animais debilitados morrem nas primeiras 48h. Mesmo assim, o Aquário ainda mantém sob tratamento uma tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata). Outros animais recolhidos estão sendo tratados no Centro de Reabilitação de Animais e Aves Marinhas, no Guarujá.

A morte dos animais encontrados no litoral paulista já comove a comunidade internacional e a revista norte-americana “Time” publicou a notícia em seu site na internet. A reportagem destaca o aparecimento de grande número de pinguins nas cidades de Praia Grande, Itanhaém e Peruíbe e afirma que os cientistas brasileiros ainda estão investigando o que teria ocasionado as mortes.