E agora, Lula?…

Uma propaganda da campanha do atual presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, que até hoje continua sendo visualizada nos automóveis dos seus simpatizantes que transitam por aí, é esta: Agora é Lula!

Pois, apesar da vitória de Lula e, inclusive, a preocupação do novo presidente em combater a fome e a pobreza de nosso povo, convocando todos os brasileiros para um pacto social, no sentido da erradicação da miséria que campeia entre as camadas sociais mais carentes deste País, parece que muitos ainda não se deram conta disso, insistindo no boicote das boas intenções do futuro governante nacional. E, por incrível que possa parecer, esse boicote começa no Poder Legislativo.

Veja-se, por exemplo, a chamada “lei da mordaça”, cujo projeto foi aprovado pelo parecer da Comissão de Constituição e Justiça do Senado Federal.

Essa lei, que já foi aprovada pela Câmara Federal e teve um pedido de urgência urgência urgentíssima para votação pelo plenário do Senado, propõe mudanças na lei contra o abuso de autoridade e nas leis de improbidade administrativa e de ação civil pública; em suma, propõe a punição para os casos de divulgação de informações de processos em tramitação, por parte de representantes do Ministério Público ou de juízes, além de criar foro especial para determinadas autoridades responderem por seus atos, onde estão incluídos prefeitos, governadores e presidente.

Sabendo-se que a corrupção compeia por toda a parte e que ela, segundo pesquisas causa entraves ao desenvolvimento econômico, a “lei da mordaça”, impedindo a ação de promotores de justiça e juízes de primeira instância, que é benéfica para a moralidade pública, só irá agravar os percentuais da renda per capita dos brasileiros, com maiores índices de miséria em nosso País.

Em vista disso, considerando os compromissos de campanha, assumidos pelo presidente eleito com políticos de vários partidos, onde certamente proliferam muitos interessados na aprovação da “lei da mordaça”, vai ser muito difícil para ele segurar o timão governamental com mãos firmes, principalmente para o corajoso combate à corrupção, esse câncer que está a corroer a Nação Brasileira.

O presidente eleito está no terrível impasse de decidir o que fazer: ou contraria os políticos que pleiteiam a aprovação da lei em benefício próprio e recomenda ao seu partido e aos seus aliados que a rejeitem, ou, confirmando o pensamento de Jonatham Swift: – “Como as coisas andam, a política nada mais é do que corrupção.”

E agora, Lula?…

Harley Clóvis Stocchero

é escritor, membro da APL e do Centro de Letras do Paraná.

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