Morre Nagib Chede, pioneiro da TV no Paraná

O fundador da TV Paranaense e um dos pioneiros das comunicações no Paraná, Nagib Chede, morreu na madrugada de ontem, aos 91 anos, em Curitiba. Ele deixa viúva Silmira Taques, uma filha, de 59 anos, e um neto, de 42.

Nagib nunca tinha pensado em ter uma emissora de televisão. A idéia surgiu durante uma viagem que fez aos EUA, onde conheceu um engenheiro eletrônico que lhe mostrou aquele aparelho tão fascinante aos olhos dos americanos, e que acabou por contagiá-lo também. Chegando ao Brasil, pediu a concessão de um canal de TV para Curitiba, junto ao Ministério da Aviação, através da Sociedade Rádio Emissora Paranaense. Começou a fazer experiências, e a primeira se concretizou nas Lojas Jatobá, que ficava no Edifício Garcez, onde eram exibidos filmes e curtos documentários, que na época foram cedidos pelo consulado norte-americano. Mesmo com a repercussão de sua idéia, entre os curitibanos, Nagib ficou preocupado pelo fato de estar agindo na ilegalidade. Foi então, que junto ao governador do Estado do Paraná e amigo pessoal, Moysés Lupion, embarcaram com destino ao Rio com o objetivo de pedir ao então presidente da República, Juscelino Kubitschek, a tal concessão. Dito e feito: Nagib voltou a Curitiba, arregaçou as mangas e mesmo com todas as dificuldades existentes em termos de técnica e precariedade das instalações não desistiu de tornar seu sonho, uma realidade. Além desses problemas, havia mais um, ou seja, ninguém possuía televisão. Foi então que pediu ajuda aos empresários curitibanos da época, que trouxeram à capital paranaense alguns aparelhos de televisão. Como o transmissor era capaz de apenas emitir imagem, o som vinha da Rádio Curibana.

A TV Paranaense foi inaugurada oficialmente em 29 de outubro de 1960, mas com vários programas ao vivo, seriados, entre eles Histórias do Vovô Moraes e Aventuras Submarinas, e o telejornal O Estado do Paraná na TV, que era apresentado por Jamur Júnior.

Segundo Jamur Júnior, que trabalhou na emissora desde a fundação até meados de 1963, Nagib foi o homem mais arrojado, corajoso e seguro de todo o Estado. “Mesmo numa época em que não haviam perspectivas de crescimento imediato, Nagib acreditou na sua idéia e lançou seu projeto”, conta Jamur.

De acordo com Jamur, Chede gostava de fazer duas coisas em sua vida: trabalhar e pescar. “Todo domingo era sagrado. Convidava alguns amigos e iam pescar na Baía de Guaratuba”, conta Jamur.

O corpo de Nagib foi velado ontem, na capela 2 do Cemitério da Água Verde, em Curitiba, e o enterro foi realizado às 17h.

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