Suspeito de matar menina tem prisão decretada

São Paulo – O juiz João Carlos de Sá Moreira de Oliveira, do 5.º Tribunal do Júri, decretou ontem a prisão temporária, por 30 dias, de Rodrigo Henrique Farrampa Guilherme, de 22 anos, suspeito do assassinato da menina Tainá Alves de Mendonça, de 5 anos. Reconhecido por meio de fotografia por uma testemunha do crime, ocorrido no domingo à noite, na zona oeste de São Paulo, Guilherme continuava foragido até o começo da noite de ontem.

“Ele não iria ficar por aí depois do crime que cometeu”, afirmou pela manhã o delegado João Baptista de Araújo, titular do 14.º Distrito Policial, em Pinheiros, antes de o juiz decretar sigilo nas investigações.

A polícia ainda não identificou o homem, a mulher e a criança que acompanhavam Guilherme no momento da briga de trânsito. Hoje a mãe do suspeito, Maria Conceição Farrampa, depôs no 14.º DP. Ela afirmou que Guilherme está desempregado e não soube dizer o que ele faz para viver. O acusado nunca foi preso. “A mãe diz que ele é um bom menino’ e estudou até o segundo ano do colegial.”

Contradição

Maria Conceição repetiu aos policiais o que disse na Segunda-feira: não vê o filho há 15 dias. A reportagem apurou, entretanto, que vizinhos viram o rapaz em casa, na região da Represa de Guarapiranga, na zona sul, horas depois do crime.

Esse trecho do depoimento de Maria Conceição não convenceu a polícia. “Ela deve estar mentindo quando diz que não o vê há mais de três semanas.” Araújo baseia sua suspeita no depoimento da dona de casa Michelli Cavalcante Mendes, em nome de quem estava o Monza placa BRF-5806 dirigido por Guilherme na hora do crime. Michelli contou-lhe, na segunda-feira, que falou com a mãe do rapaz por telefone no domingo, após ter sido procurada pela polícia. “Michelli afirmou que a mãe lhe disse que o filho passou todo o domingo em casa.”

Enterro

Tainá foi enterrada ontem, às 9h, no Cemitério da Paz. A família não quis conceder entrevistas. A menina e o irmão Lucas, de 2 anos, haviam saído com o tio Fábio Valente de Mendonça Junior, de 30 anos. Mendonça parou na Praça Marquês de Itanhaém, em Pinheiros, para conversar com amigos. Por volta das 21h, um Monza branco passou e raspou no pára-choque traseiro do Astra de um dos amigos de Mendonça, o advogado Marcos Vessiliades Pereira.

O advogado saiu atrás do Monza acompanhado pelo empresário Alexandre Certo. O tio da menina apanhou o Kadett e seguiu os amigos com os sobrinhos no banco de trás. Na Praça Silveira Santos, pouco depois da Praça Pan-Americana, o Kadett e o Astra fecharam o Monza. Guilherme teria descido do Monza e caminhado na direção de Pereira e Mendonça, que também deixaram os carros. Armado, o acusado atirou. Acertou dois tiros no advogado e um na cabeça de Tainá. Guilherme e os outros ocupantes do Monza fugiram a pé.

Pereira já teve alta da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Pan-Americano. Segundo a Assessoria de Comunicação do hospital, seu quadro é regular. Um tiro atingiu o braço e o outro o abdome, causando lesões nos intestinos e no fígado.

O pára-choque traseiro do Astra, pivô da perseguição que culminou com a morte de Tainá, nem exigiria conserto, segundo o consultor da concessionária Caltabiano Éber de Oliveira. Analisando fotos, ele afirmou que bastaria pintar a peça, ao custo de R$ 300,00. Um pára-choque novo, que sai de fábrica num tom fosco de preto para ser pintado de acordo com a cor do automóvel, custa R$ 134,00.

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