Nova denúncia contra vice de Ciro Gomes

Mais uma denúncia mancha a imagem do sindicalista Paulo Pereira da Silva, o “Paulinho” da Força Sindical, candidato a vice-presidente da República na chapa do ex-governador Ciro Gomes (PPS). De acordo com a denúncia, ele seria proprietário de um imóvel rural em Faxinal, no Norte do Paraná, avaliado em R$ 200 mil. O problema é que a propriedade estaria em nome do seu irmão, o investigador policial João Pereira da Silva, que ganha um salário de R$ 800 por mês e teria comprado as terras à vista e em dinheiro. Segundo o ex-proprietário da área, o empresário José Maurício Davantel, João teria dito que o verdadeiro dono é Paulinho.

Paulinho seria dono de dois lotes com 78,8 hectares na Gleba Bufadeira do Areão. Os dois lotes (775 e 777) não têm placa de identificação, são popularmente conhecidos como “Fazenda do João Tira”, numa referência ao investigador João Pereira da Silva. A denúncia é semelhante a uma outra, publicada em 29 de julho pela revista “Época”, segundo a qual o sindicalista também seria dono de um sítio que teria sido comprado por meio de um diretor da Força Sindical, no município de Cerqueira Cezar, Interior de São Paulo. As duas propriedades rurais foram negociadas em 98.

A compra do sítio pelo irmão do candidato a vice de Ciro foi confirmada em entrevista concedida a um jornal do Interior do Estado por José Maurício Davantel, dono de dois postos de combustíveis, em Faxinal e Cruzmaltina. Ele revelou que adquiriu a propriedade em 1998, de Jorge Tschmerizja e José Daniel, ambos cerealistas residentes em Borrazópolis. Davantel conta que não chegou a transferir a titularidade do sítio no Cartório de Registro de Imóveis do Município. E lembra que, em poucas semanas, vendeu o imóvel em acordo direto com o irmão de Paulinho.

Ainda segundo Davantel, João Pereira da Silva pagou R$ 100 mil pelo sítio, mas as terras valorizaram bastante na região e já estariam valendo R$ 200 mil. O titular do Cartório de Registro de Imóveis de Faxinal, Fauzer Scaff Júnior, confirmou que o sindicalista ou seu irmão seriam donos de uma propriedade na Gleba Bufadeira do Areão.

Jornal acusa Martinez

Em matéria assinada pelo jornalista Wladimir Gramacho e que foi manchete de página na edição de ontem, o jornal Folha de S. Paulo acusa o presidente nacional do PTB e ex-coordenador da campanha de Ciro Gomes, José Carlos Martinez, e suas empresas de calote no valor de R$ 73.5 milhões contra o extinto Banco Bamerindus, em 1996. A informação consta em relatório de fiscalização do Banco Central.

O documento, segundo a Folha, aponta a operação como uma das várias causas da quebra do banco, ocorrida um ano depois, e resulta do trabalho da comissão de inquérito que apurou as razões da falência do Bamerindus, indicando ainda operações duvidosas e irregularidades que minaram a solidez financeira da instituição.

Títulos

O documento do Banco Central informa que em 29 de março de 1996 o Grupo Martinez devia R$ 27,75 milhões ao Bamerindus. A conta tinha como garantia notas promissórias assinadas pelo deputado e por seu irmão, Flávio Martinez. Na ocasião, o grupo propôs uma renegociação da dívida, dando como pagamento “promessa de pagamento em Títulos da Dívida Agrária – TDAs – a serem emitidas pelo Incra”.

O problema é que a emissão desses títulos dependia de determinação da Justiça Federal em ação de desapropriação em curso e sem prazo previsto para decisão. Os direitos na ação cedidos ao banco foram declarados pelo Grupo Martinez em R$ 73,5 milhões. Como a dívida era de R$ 27,75 milhões, o banco entregou em dinheiro a diferença de R$ 45,75 milhões, que acabou servindo para pagar dívidas com outras empresas ligadas ao Bamerindus e, ainda, para comprar ou recomprar participação acionária em várias empresas de televisão de cujo capital empresas ligadas ao banco participavam.

A comissão determinou a punição de funcionários do Bamerindus por “gestão fraudulenta” e “gestão temerária”, pois não lhe cabe sugerir punições ao grupo.

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