Fita que compromete André Luiz é autêntica

Brasília (AE) – A situação do deputado André Luiz (PMDB-RJ), que é alvo de processo no Conselho de Ética da Câmara por falta de decoro parlamentar e corre o risco de ter seu mandato cassado, ficou ainda mais complicada. Ontem, o perito Ricardo Molina confirmou a autenticidade da fita, publicada pela revista Veja, em que o parlamentar teria declarado que participou de ações que causaram a morte de oito pessoas. Esta denúncia está sendo analisada por uma comissão de sindicância da Câmara, paralelamente ao processo em andamento no Conselho de Ética, que investiga a acusação de que André Luiz teria tentado extorquir R$ 4 milhões do empresário de jogos Carlos Cachoeira.

"A gravação deixa claro que André Luiz teve um comportamento delituoso e criminoso, o que é falta de decoro parlamentar", afirmou o deputado Ricardo Izar (PTB-SP), que é relator do caso na comissão de sindicância. "Mas não quer dizer que ele (André Luiz) mandou matar", completou. Izar pretende entregar o seu relatório daqui a uma semana, na quinta-feira à tarde, dia 16. Os advogados de André Luiz enviaram ofício à comissão pedindo que o deputado possa apresentar sua defesa na próxima quinta-feira, pela manhã. "O deputado quer fazer uma manifestação à comissão. Não sei se será por escrito ou ele irá aparecer para falar conosco. Mas o meu relatório está praticamente pronto", disse Izar.

Pedido

No relatório, Izar irá reforçar o pedido de cassação do mandato de André Luiz. A idéia é anexar o seu relatório ao processo que já está correndo contra o deputado no Conselho de Ética da Câmara. Para agilizar a cassação do mandato de André Luiz, os integrantes da comissão de sindicância deverão apresentar na semana que vem, requerimento ao presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), solicitando que o Conselho de Ética funcione durante o recesso parlamentar.

Pelo regimento interno da Câmara, o processo tem o prazo de até 90 dias para ser concluído no Conselho de Ética e votado pelo plenário da Casa. Mas esse prazo é suspenso durante o recesso. "A idéia é trabalharmos durante o recesso para quando o Congresso voltar a funcionar em meados de fevereiro o processo já esteja praticamente pronto para ser votado pelo plenário da Câmara", explicou Izar.

São necessários os votos de 257 do total de 513 deputados para que André Luiz tenha seu mandato cassado. A votação é secreta. Há duas semanas, André Luiz surpreendeu ao decidir enfrentar o processo de cassação aberto pela Câmara e não renunciar a seu mandato para preservar seus direitos políticos. Mas depois de aberto o processo no Conselho, André Luiz ficará inelegível pelos próximos dez anos se renunciar ou tiver seu mandato cassado na Câmara.

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