Democratas atacam retórica e bagagem de Trump no 2º dia de Convenção

O Partido Democrata mobilizou ontem sua artilharia pesada contra o republicano Donald Trump, que foi descrito como uma fraude, um demagogo perigoso e uma ameaça para o futuro dos EUA pelo presidente americano, Barack Obama, seu vice, Joe Biden, e o ex-prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, um independente que governou a maior cidade do país por 12 anos.

Todos defenderam a candidatura de Hillary Clinton de maneira apaixonada e rejeitaram a visão apocalíptica dos Estados Unidos apresentada por Trump na semana passada, quando ele aceitou a nomeação de seu partido como candidato à presidência.

Biden incendiou os democratas na Filadélfia ao descrever o bilionário como um cínico desprovido de compaixão que tem prazer em dizer “você está demitido”. Bloomberg questionou o sucesso empresarial de Trump, disse que ele é um “perigoso demagogo” e o acusou de hipocrisia. “Eu sou um nova-iorquino e eu reconheço um vigarista quando vejo um”, declarou o empresário.

Segundo cópia de seu discurso distribuído com antecedência pela Casa Branca, Obama reconheceria que os EUA têm problemas, mas que eles são superados pelo que há de positivo no país. “A América que eu conheço é cheia de coragem, otimismo e criatividade. A América que eu conheço é decente e generosa.”

Um dos empreendedores americanos mais bem-sucedidos do país, Bloomberg atacou a atuação de Trump à frente de seus negócios. “Ao longo de sua carreira, Trump deixou um recorde bem documentado de falências, milhares de ações judiciais, acionistas furiosos e prestadores de serviços que se sentiram enganados e clientes desiludidos, que se sentiram roubados”, ressaltou. “Trump diz que quer administrar o país como administra seus negócios. Deus nos ajude.”

O candidato a vice-presidente na chapa de Hillary, Tim Kaine, disse que seu filho acabou de deixar o país para servir o Exército no exterior. Segundo ele, as famílias americanas não podem correr o risco de confiar a vida de seus filhos a Trump. Kaine também apelou à comunidade latina ao falar várias vezes em espanhol. “Somos todos americanos”. Em resposta, a plateia respondeu “si, se puede”, a versão em espanhol do slogan usado na eleição de Obama.

Entre os problemas enfrentados pelo país, Obama se referiu aos “bolsões” que nunca se recuperaram do fechamento de fábricas provocado pelo processo de globalização.

Os atingidos por esse movimento são “homens que se orgulhavam de trabalhar arduamente para sustentar suas famílias e que agora se sentem esquecidos” ou “pais que se perguntam se seus filhos terão as mesmas oportunidades que eles tiveram”.

Obama também faria referência aos sentimentos de choque e tristeza gerados pela “loucura” de ataques terroristas como os de Orlando e Nice. “Com certeza nós temos ansiedades reais, sobre pagar contras, proteger nossos filhos, cuidar de um pai doente.” Mas ele rejeitou o cenário de violência, pobreza e caos desenhado por Trump no discurso em que aceitou a nomeação do Partido Republicano para disputar a Casa Branca. “Eu vejo pessoas trabalhando duro e começando novos negócios, pessoas ensinando seus filhos e servindo nosso país. Eu vejo uma geração mais jovem cheia de energia e novas ideias.”

O discurso também ressaltaria o temperamento de Hillary e sua experiência como secretária de Estado. “Nada realmente prepara você para as demandas do Salão Oval”, diria Obama. “Mas Hillary esteve naquela sala, ela foi parte daquelas decisões”, ressaltaria. “Mesmo no meio de uma crise, ela escuta as pessoas, mantém a calma e trata a todos com respeito. Não importa quão assustadoras sejam as probabilidades, não importa quantas pessoas tentem derrubá-la, ela nunca, ela jamais desiste. Essa é a Hillary que eu conheço. Essa é a Hillary que eu passei a admirar.” (Cláudia Trevisan, enviada especial)

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