Vitória do Brexit impulsiona outros movimentos eurocéticos na Europa

A decisão do Reino Unido de deixar a União Europeia após meses de debates duros tem reverberado pelo bloco, levando muitos grupos eurocéticos no continente a se animarem com um destino parecido.

“É um resultado bastante positivo, melhor do que eu esperava”, disse Mattias Karlsson, que lidera os parlamentares do grupo de oposição Democratas Suecos. “Vamos iniciar nossa campanha pelo ‘Swexit'”. Movimentos do mesmo tipo também se animaram na Finlândia e na Dinamarca.

O surgimento de forças centrífugas no continente pode levar a UE a um prolongado período de instabilidade em meio a uma época recheada de desafios, como o terrorismo, a crise de imigração e o crescimento econômico letárgico.

O debate é complicado por uma série de integrações que os europeus tomaram – um área de livre circulação, uma zona de moeda única e uma aliança militar – coisas que não são facilmente desmontadas.

Na segunda-feira, os líderes da Alemanha, da França e da Itália devem se reunir para discutir como prevenir uma maior fragmentação europeia.

Independentemente de se as coalizões anti-Europa terão sucesso em questionar a permanência na UE, a arquitetura do bloco deve sofrer mais testes nos próximos meses. França e Holanda, dois membros fundadores onde o sentimento eurocético tem se aprofundado nos próximos meses, devem realizar eleições nos próximos anos.

“Esta União Europeia precisa morrer, esta União Europeia morreu”, disse Florian Philippot, vice-president da Frente Nacional, o partido anti-imigração e anti-integracionista da França, em um entrevista nesta sexta-feira.

Na Holanda, o Partido pela Liberdade pediu um plebiscito para colocar em questão a permanência na União Europeia. O movimento deve ser ignorado pela maioria do Parlamento e pelo governo local. Na semana passada, o primeiro-ministro Mark Rutte afirmou que era “completamente contra plebiscitos sobre acordos multilaterais, porque eles não fazem sentido”.

No entanto, o entusiasmo pela União Europeia tem declinado entre os eleitores locais, e o Partido pela Liberdade tem ganhado adeptos, como mostram as pesquisas eleitorais antes da eleição de março.

Em abril, os holandeses rejeitaram o acordo de comércio europeu com a Ucrânia. Embora o comparecimento tenha sido pequeno, o resultado significou uma nova derrota para as política europeia após a votação de 2005, quando os holandeses votaram massivamente contra a nova Constituição Europeia.

Na Itália, a votação deu novo ímpeto à Liga Norte. O partido liderado por Matteo Salvini afirmou que era tempo de dar aos italianos uma nova chance de votar sobre a permanência na UE.

“Este voto foi um tapa no rosto dos que dizem que os italianos não devem se preocupar com a Europa”, disse Salvini.

A Constituição Italiana não permite o cancelamento de acordos internacionais através de um plebiscito, mas um voto pela saída pode colocar pressão sobre o primeiro-ministro Matteo Renzi, que tem postura consistentemente pró-Europa.

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