Após acordo com Turquia, UE deve monitorar cumprimento dos compromissos

Após terem aprovado o acordo com a Turquia para que o país reforce os controles de suas fronteiras e, em contrapartida, receba um pacote de ajuda de 3 bilhões de euros, líderes da União Europeia devem focar, a partir de agora, no cumprimento dos compromissos firmados pela Turquia para, então, conceder os beneficios acordados com o país.

Pelo acordo, autoridades turcas deverão intensificar as patrulhas no Mar Egeu e nas fronteiras terrestres com a Grécia e a Bulgária. Também deverão reforçar o combate a gangues de tráfico humano e aceitar de volta refugiados que tiverem os pedidos de asilo negados na Europa.

Em troca, o país será contemplado com um pacote de quase 3 bilhões de euros da UE, em dinheiro e outros benefícios. Os europeus concordaram, ainda, em acelerar o processo de adesão da Turquia ao bloco e com a volta das negociações para que os turcos não precisem mais de visto para entrar na Europa.

O presidente da França, François Hollande, disse que a União Europeia precisará monitorar, “passo a passo”, os compromissos assumidos pela Turquia, a fim de ajudar a acabar com a crise política na Síria, lutar contra o terrorismo e lidar com o fluxo de refugiados na Europa.

Hollande afirmou que os recursos do pacote de 3 bilhões de euros estabelecido para ajudar a Turquia a lidar com o fluxo de migrantes em seu território serão liberados progressivamente, a medida que os compromissos foram cumpridos e verificados. O presidente francês acrescentou que pessoas identificadas como “terroristas” estão infiltradas entre os refugiados, o que demanda maior verificação do fluxo de pessoas.

O primeiro ministro da Bélgica, Charles Michel, afirmou que a Turquia não pode receber um “cheque em branco” da União Europeia. Michel disse que não está pronto para liberar recursos de seu país e encoragou Ankara a conceder aos sírios maior acesso ao mercado de trabalho na Turquia. Disse, ainda, que a Turquia está “longe de se tornar membro da União Europeia” e que há um longo processo até que isso se concretize.

Neste sentido, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, explicou que os países do bloco europeu ainda precisarão chegar a um acordo sobre a origem dos recursos negociados com a Turquia. “Nós precisamos de 3 bilhões de dólares”, declarou. Deste montante, segundo Juncker, 500 milhões de euros serão providos pela Comissão Europeia. Não está definido, ainda, de onde virá a quantia restante.

A chanceler alemã, Angela Merkek, também comentou, após o término do encontro, que o resultado das negociações para a adesão da Turquia a União Europeia ainda estava “em aberto”.

Ja a primeira ministra da Polônia, Beata Szydlo, declarou ser contra a fixação pela União Europeia de qualquer nova cota de migrantes para o bloco. O país, que não está na rota de migração dos refugiados, concordou em receber 7 mil refugiados. Para a ministra, a principal conclusão do encontro foi a de que a questão da migração de refugiados deveria ser resolvida “fora das fronteiras da União Europeia”, mas com o apoio financeiro do bloco.

O primeiro ministro da Turquia, Ahmet Davutoglu, afirmou que o acordo com os líderes da União Europeia marca um novo começo nas relações entre as duas partes. “Sou grato a todos os líderes europeus por este recomeço. Juntos, vamos compartilhar o destino do nosso continente”, disse.

A Europa lida este ano com o maior fluxo de imigrantes desde a Segunda Guerra Mundial. Mais de 700 mil refugiados, boa parte da Síria, chegaram ao bloco via Turquia, segundo dados da Organização Internacional de Migração. Fonte: Dow Jones Newswires e Associated Press.

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