Unesco diz que destruição em sítio arquiológico no Iraque é crime de guerra

A chefe da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), Irina Bokova, disse que a destruição deliberada do patrimônio cultural equivale a um “crime de guerra”. No início desta semana, um vídeo mostrou militantes do Estado Islâmico destruindo com marretas artefatos antigos em um museu na cidade de Mosul.

Esta é a mais recente destruição do sítio arqueológico de Nimrud, comparado com o túmulo do rei do Egito Tutancâmon.

A destruição do sítio arqueológico faz parte de uma campanha do grupo para promover sua rígida interpretação das leis islâmicas. Os extremistas afirma que os antigos sítios arqueológicos incentivam o abandono da fé.

Em Paris, a chefe da Unesco apelou nesta sexta-feira para que as pessoas ao redor do mundo, especialmente os jovens, protejam o “patrimônio de toda a humanidade”.

As descobertas dos tesouros do parque arqueológico de Nimrud na década 80 são consideradas as mais importantes do século 20. Bokova denunciou este “caos cultural” e disse que tem alertado tanto o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, quanto o procurador da Corte Internacional de Justiça, o principal órgão judiciário das Nações Unidas.

“A destruição deliberada do patrimônio cultural é um crime de guerra”, disse Irina Bokova. “Peço a todos os líderes políticos e religiosos da região para reagirem e lembrar que não existe nenhuma justificativa política ou religiosa que leve à destruição do patrimônio cultural da humanidade”, acrescentou.

Nimrud foi a segunda capital da Assíria, um antigo reino que teve início 900 anos a.C., tornando-se uma grande potência regional. A cidade, que foi destruída em 612 d.C, está localizada à margem do rio Tigre, ao Sul da segunda maior cidade do Iraque, Mosul, que foi tomada pelo Estado Islâmico em junho.

Os extremistas do Estado Islâmico, que controlam um terço do Iraque e da Síria, atacaram outros sítios arqueológicos e religiosos. A rebeldia contra os artefatos culturais inestimáveis provocou indignação global.

No ano passado, os militantes destruíram a Mesquita do Profeta Younis e a Mesquita do Profeta Jirjis, dois antigos santuários que eram venerados em Mosul. Os militantes também ameaçaram extinguir o Minarete Torto, de 850 anos, mas os moradores cercaram a estrutura, evitando a aproximação dos extremistas.

Suzanne Bott, diretora do projeto de conservação do patrimônio para o Iraque e Afeganistão da Universidade de Arquitetura, Planejamento e Arqueologia do Arizona, trabalhou em Nimrud entre 2008 e 2010, ajudando a estabilizar as estruturas e vistoriando o local para o Departamento de Estado americano, como parte de uma operação militar conjunta com a unidade civil.

Bott descreveu Nimrud como uma das quatro principais capitais assírias onde se praticava a medicina, astrologia, agricultura e comércio. “O local é realmente conhecido como o berço da civilização ocidental e é por isso que esta perda é tão devastadora”, disse Bott. Fonte: Associated Press.

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