Liga Árabe endossa projeto de reconhecimento palestino

A Liga Árabe endossou hoje o projeto palestino de buscar o reconhecimento do Estado palestino na Organização das Nações Unidas (ONU) em setembro, o que deve dar início a um confronto com os Estados Unidos e com o poderoso Conselho de Segurança (CS). As negociações com Israel sobre os termos para a criação do Estado palestino estão congeladas desde 2008. Como alternativa, os palestinos decidiram buscar o reconhecimento na ONU de uma “Palestina” independente na Cisjordânia, Gaza e Jerusalém Oriental, áreas tomadas por Israel na guerra dos Seis Dias, em 1967.

Os ministros de Relações Exteriores da Liga Árabe, reunidos hoje em Doha, no Catar, disseram que apoiam a proposta palestina. Os ministros prometeram, em comunicado, “tomar todas as medidas necessárias e reunir todo o apoio necessário de todos os país, começando pelos membros do Conselho de Segurança, para reconhecer o Estado da Palestina e conquistar a filiação plena à ONU”. “Uma paz ampla e justa com Israel não será alcançada a menos que Israel se retire de todos os territórios árabes ocupados”, diz o documento.

Não houve reação imediata à decisão por parte de Israel ou dos Estados Unidos. Mas os Estados Unidos, um dos cinco membros permanentes do CS, tem reforçado que vai vetar o pedido palestino. O veto norte-americano atrapalharia a busca de reconhecimento na ONU. Como alternativa, os palestinos podem ir à Assembleia Geral e buscar o reconhecimento de seu Estado como um Estado observador não membro, uma medida em grande parte simbólica. Ainda assim, um amplo apoio na Assembleia Geral sinalizaria que a maioria dos países apoia o Estado palestino com as fronteiras pré-1967.

Após o anúncio de hoje, o experiente negociador palestino Saeb Erekat disse que os palestinos devem apelar aos dois organismos da ONU (Assembleia Geral e Conselho de Segurança), começando pelo Conselho. “Nós esperamos que os Estados Unidos não usem seu poder de veto contra a decisão”, disse ele. Falando em Doha, Erekat disse que os ministros árabes decidiram formar dois comitês – um que vai trabalhar com assuntos processuais e o segundo para reunir apoio internacional aos palestinos.

Esta decisão é arriscada para os palestinos, já que Washington é o principal mediador no Oriente Médio. Já existe no Congresso norte-americano um projeto para cortar milhões de dólares em ajuda se o governo de unidade palestino incluir integrantes do Hamas, que é considerado uma organização terrorista por vários países do Ocidente. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, rejeita a completa retirada dos territórios ocupados, onde cerca de 500 mil israelenses se instalaram desde 1967, sendo 300 mil na Cisjordânia e 200 mil em Jerusalém Oriental. As informações são da Associated Press.

Voltar ao topo