Caso Battisti

Relação com Brasil permanece inalterada, diz Berlusconi

A Itália ampliou a pressão sobre o Brasil para que o País reverta a decisão de não extraditar Cesare Battisti. Além de organizar novos esforços diplomáticos envolvendo a União Europeia e de um protesto que deve ser realizado hoje em frente à embaixada brasileira em Roma, o primeiro-ministro, Silvio Berlusconi, se reuniu com o filho de uma das supostas vítimas de Battisti. Mas o mandatário ressaltou que as relações diplomáticas entre os dois países permanecem inalteradas.

Após se encontrar com Alberto Torregiani, cujo pai foi morto em 1979, Berlusconi disse que a Itália considera o caso de Battisti uma questão judicial e que o país recorrerá em todas as instâncias possíveis.

Battisti, um ex-rebelde de esquerda, foi condenado por quatro homicídios realizados no fim dos anos 1970 na Itália. Ele viveu como fugitivo no México e na França, antes de vir em 2004 para o Brasil, onde foi preso em 2007 em cumprimento a mandado da Interpol. Battisti já admitiu ter participado de um grupo rebelde, mas nega ter atirado em alguém.

Na última sexta-feira, em seu último dia no cargo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recusou-se a extraditar Battisti, que várias vezes disse temer ser perseguido se enviado de volta à Itália. Roma criticou a decisão de Lula e disse que buscará todos os meios judiciais para revertê-la. O Supremo Tribunal Federal (STF) ainda deve se pronunciar sobre a legalidade da decisão de Lula.

Hoje, o governo da Itália indicou que está levando o tema à União Europeia. O ministro das Relações Exteriores, Franco Frattini, encontrou-se com o embaixador da Itália no Brasil, que voltou a Roma para consultas, e com o representante italiano na UE, para estudar opções legais no nível europeu a fim de pressionar o Brasil a entregar Battisti, segundo afirmou a chancelaria italiana em comunicado.

Não está claro, porém, o que a UE poderia fazer. “Isso é basicamente um assunto bilateral”, disse um porta-voz da Comissão Europeia, Michael Mann, acrescentando que as regras gerais de extradição também dificultam o envolvimento da UE. O Ministério das Relações Exteriores da Itália contestou essa informação. “O caso é muito mais complexo e não pode excluir, inclusive nas próximas horas, uma iniciativa europeia proposta pela Itália sobre a questão.”

Além disso, um protesto está marcado para ocorrer em frente à embaixada do Brasil em Roma, na Piazza Navona. Um grupo envolvido no protesto, o Movimento Res, propôs um boicote de produtos brasileiros para pressionar o País no caso. As informações são da Associated Press.