‘Brasil é ponte com Ocidente’, diz chanceler do Irã

O chanceler do Irã, Manouchehr Mottaki, admitiu ontem pela primeira vez que o Brasil pode servir como uma espécie de “ponte” entre iranianos e a comunidade internacional. Em declarações exclusivas ao jornal O Estado de S. Paulo, Mottaki ainda afirmou esperar que a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, escute do Brasil – “país com uma visão mais realista” – como solucionar a crise com o Irã.

Em um jogo de palavras, Mottaki defendeu que o governo brasileiro não se coloque no papel de “mediador” do diálogo entre Teerã e Washington, mas “atue para possibilitar consultas”. Teerã não acredita que alguém possa falar em seu nome. “O Brasil também não pediu para ser algo como um mediador”, explicou Mottaki.

A diplomacia iraniana está consciente do papel moderado adotado pelo Brasil na América Latina e em suas relações com os Estados Unidos. O objetivo de Teerã seria criar um canal de diálogo com o Ocidente – e por meio de um país em desenvolvimento.

Um teste dessa aproximação já ocorreria hoje, durante a visita de Hillary ao Brasil. O Irã espera que a secretária de Estado ouça dos brasileiros uma posição mais moderada. A diplomacia brasileira defende que uma posição “meramente condenatória” isolará ainda mais o Irã. Além disso, a avaliação é de que Teerã precisa fazer parte de uma solução regional.

Mottaki declarou que “é bom” que Hillary visite o Brasil. “Dessa forma ela será informada pelas autoridades brasileiras, uma maneira mais realista de tratar as coisas”, disse o chanceler, depois, em uma conferência de imprensa. Segundo Mottaki, ele e seu colega brasileiro, Celso Amorim, vêm mantendo uma “importante ‘diplomacia telefônica'”.

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