Karzai admite fraudes, mas defende pleito afegão

O presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, admitiu hoje que houve irregularidades no pleito presidencial de 20 de agosto no país. Apesar disso, ele julgou que as eleições foram boas, justas e dignas de elogio. O presidente afegão não quis se envolver no debate norte-americano sobre possíveis mudanças na estratégia militar para seu país. Karzai disse, porém, que apoia “totalmente” o comandante das tropas dos Estados Unidos no Afeganistão, Stanley McChrystal. O general recomendou ao presidente norte-americano, Barack Obama, que envie até 40 mil soldados a mais para o Afeganistão.

“Vi o informe do general McChrystal”, disse Karzai. “Não sou um especialista militar. O que me preocupa é a proteção do povo afegão”, afirmou, em entrevista de Cabul à emissora norte-americana ABC. Questionado repetidamente sobre as denúncias de corrupção nas eleições de 20 de agosto, Karzai respondeu que as críticas internacionais o deixavam “indignado”. Apesar disso, admitiu que houve “irregularidades”. Segundo ele, a comunidade internacional não deveria converter a eleição “no pesadelo do povo afegão”.

Os resultados preliminares indicam que Karzai ganhou com 54,6% dos votos. Uma comissão de cinco membros respaldada pelas Nações Unidas investiga agora acusações de corrupção. Caso muitos votos sejam anulados, pode haver segundo turno entre o atual líder e o ex-ministro de Relações Exteriores Abdullah Abdullah.

Um dos membros afegãos da comissão, Maulavi Mustafa Barakzai, renunciou ontem ao posto, afirmando que os três estrangeiros do grupo estavam “tomando todas as decisões por conta própria”. Uma porta-voz da comissão negou as acusações.