O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, determinou o fechamento da embaixada de seu país em Bogotá e ordenou o envio de tropas para a fronteira com a Colômbia, em reação às ações do Exército colombiano em território do Equador contra os guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).
"Senhor ministro da Defesa, mova dez batalhões para a fronteira com a Colômbia para mim, imediatamente, com tanques, e mobilize a Força Aérea", disse Chávez durante seu programa semanal em rede de rádio e televisão. "Nós não queremos guerra, mas não vamos permitir que o império norte-americano, que o patrão da Colômbia, venha nos dividir", acrescentou.
Neste sábado, o Exército colombiano anunciou ter matado Raúl Reyes, um dos principais dirigentes das Farc, e outros 16 guerrilheiros, em operação realizada dentro de território do Equador. O governo equatoriano reagiu no domingo, anunciando a retirada de seu embaixador em Bogotá.
"O embaixador Francisco Suéscum já não é parte do corpo diplomático. Ele está fora de Bogotá. As relações entre os dois países baixaram de nível", disse em Quito o vice-ministro das Relações Exteriores do Equador, José Valência. Ele acrescentou que a medida não implica uma "ruptura definitiva de relações diplomáticas", porque o Equador vai manter um encarregado de negócios na capital colombiana.
Em Caracas, Chávez qualificou a Colômbia como "um Estado terrorista, que invadiu o Equador, violando de forma flagrante a soberania desse país". "Isso é uma coisa muito séria. Isso poderá ser o início de uma guerra na América do Sul", acrescentou.
Dirigindo-se ao presidente colombiano, Alvaro Uribe, a quem qualificou como "um criminoso" e "um títere de Washington", Chávez disse: "Se lhe ocorrer fazer o mesmo na Venezuela, presidente Uribe, eu vou mandar alguns Sukhois" (referência aos caças de combate de fabricação russa que a Venezuela adquiriu recentemente).
O presidente venezuelano também disse que "o governo colombiano se torno a Israel da América Latina. Não vamos permitir que a Colômbia se torne a Israel de nossas terras. Algum dia, a Colômbia será libertada das mãos do império norte-americano. Nós temos que libertar a Colômbia.
O general do Exército equatoriano Fabián Narvaez disse que tropas do país encontraram os corpos de 15 guerrilheiros das Farc na região da fronteira com a Colômbia e que o Equador tem três batalhões naquela área. Segundo Narvaez, os corpos dos guerrilheiros colombianos mortos serão submetidos a autópsia no próprio Equador.
O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, Gordon Johndroe, disse que Washington está monitorando a situação e comentou que "esta é uma reação estranha da Venezuela aos esforços da Colômbia contra as Farc, uma organização terrorista que continua a manter colombianos, americanos e outros como reféns".
A operação do Exército da Colômbia contra as Farc no Equador aconteceu um dia depois de os guerrilheiros libertarem mais quatro ex-parlamentares colombianos que mantinham como reféns desde 2002. As conversações para a libertação dos reféns foram mediadas por Hugo Chávez.