Brasília – O consumo de drogas em países em desenvolvimento deve aumentar na medida do crescimento econômico. Essa é a conclusão do representante do Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crimes (Unodc) no Brasil e Cone Sul, Giovanni Quaglia, que divulgou nesta terça-feira (26) o Relatório Mundial de Drogas 2007.
Segundo ele, os países desenvolvidos, como os europeus e os Estados Unidos, já atingiram nível elevado de consumo de drogas. ?Para esses países, é mais fácil manter o consumo ou reduzir um pouco. No caso do Brasil e de outros países da América Latina, a prevalência de consumo vem aumentando porque os valores são baixos. Hoje, o consumo de cocaína, de anfetamina e de maconha [na América do Sul] é um terço do registrado nos países do Primeiro Mundo?, disse Quaglia.
De acordo com o relatório, no Brasil, o uso anual de maconha e haxixe (cannabis erva e resina ) pela população pesquisada, com idade entre 15 e 64 anos, aumentou de 1%, em 2001, para 2,6%, em 2005. Já o consumo de cocaína cresceu no Brasil, de 0,4% para 0,7%, no mesmo período. Os dados publicados no relatório têm como base a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad).
Para acabar com o consumo de drogas, o representante do escritório das Nações Unidas, afirmou que é preciso aliar políticas sociais, repressão ao tráfico e prevenção. ?Isso não é só uma responsabilidade do governo. É uma responsabilidade da sociedade civil, das famílias, fazer um trabalho sério no campo da prevenção. Essa é a solução a médio e longo prazo, mesmo que seja complicado.?.
Ao mesmo tempo, ressaltou Quaglia, é preciso fazer uma repressão eficiente, dirigida a quem trafica drogas, porque a maioria das pessoas envolvidas nesse negócio não está interessada na Bolsa Família, no salário mínimo. "São todas pessoas que querem ganhar muito dinheiro em pouco tempo?, acrescentou.
No mundo, são 200 milhões de consumidores de todos os tipos de drogas, o que representa 4,8% da população com idade entre 15 e 64 anos. A cannabis erva e resina, droga mais consumida no mundo, é usada por 158,8 milhões de pessoas. As drogas sintéticas, como anfetaminas e ecstasy, são consumidas por 24,9 milhões, 15,6 milhões usam opiáceos e 14,3 milhões cocaína.