Parasitoses preocupam os veterinários

Preocupação constante de médicos veterinários e proprietários de animais, as parasitoses atingem tanto bichos domésticos quanto espécies silvestres. Entre cães e gatos, a quantidade de parasitas é grande, podendo afetar de forma significativa a saúde do animal e mesmo ser transmitidos aos seres humanos, caso não sejam tomadas todas as precauções e cuidados necessários.

Nas clínicas e consultórios veterinários, a incidência de pacientes vítimas de problemas provocados por parasitas costuma ser comum. Muitas vezes, os mesmos são adquiridos após simples passeios por áreas contaminadas ou mesmo dentro de canis, sendo transmitidos com facilidade de um animal a outro. O tratamento normalmente é feito através do uso de anti-helmínticos (medicamentos usados para tratamento e controle de infestações por helmintos ou vermes).

Ancylostoma caninum

Lucimar do Carmo/O Estado
Luiz Carlos Leite alerta sobre o Ancylostoma caninum, um dos parasitas mais comuns entre cachorros e gatos.

Entre os parasitas que atacam tanto cães quanto gatos, um dos mais comuns é o Ancylostoma caninum. Com alto grau de patogenidade (poder que o parasita tem de infestar um grande número de animais), o verme é adquirido pelos bichos através da ingestão de ovos larvados ou via cutânea. ?Geralmente, quando a aquisição é via cutânea, os cães e gatos adquirem o parasita pelas patas. Porém, o Ancylostoma caninum penetra através da pele, cai na circulação e atinge o intestino dos animais?, explica o médico veterinário Luiz Carlos Leite, professor adjunto de Parasitologia Veterinária Geral e Aplicada da PUCPR.

As vítimas do problema, de acordo com a gravidade, costumam apresentar quadros de anemia profunda, diarréia, falta de apetite, lesões na mucosa intestinal e edema de membros posteriores, podendo morrer quando não tratadas de forma adequada. O parasita também pode atingir os seres humanos, provocando o chamado bicho-geográfico. O mesmo é adquirido pelo homem através da pele, mas nele o parasita não tem a capacidade de atingir a circulação sangüínea. Por isso, é verificada apenas dermatite cutânea, que provoca irritação e muita coceira. Como o parasita caminha sob a pele, vai deixando um rastro como se estivesse desenhando um mapa, de onde vem o nome bicho-geográfico.

Dipylidium canino

O Dipylidium canino pertence à mesma classe da tênia que atinge o ser humano, mas a família diferente. Ele é um parasita intestinal adquirido por cachorros e felinos que ingerem pulgas ou piolhos que contenham suas larvas. A ingestão geralmente se dá de forma acidental, quando o animal se lambe ou se coça com a boca. Os sintomas são: emagrecimento, diarréia intermitente e eliminação dos anéis do parasita (também chamados proglotes) junto com as fezes.

?É muito pouco comum o Dipylidium canino levar os animais à morte. Isto só acontece em estados muito avançados, quando é verificada a presença de uma grande quantidade de parasitas?, informa Luiz Carlos. Alguns trabalhos científicos já demonstraram a presença do Dipylidium canino em crianças, mas a mesma não é considerada comum.

Giargia canis

A Giargia canis é um protozoário que atinge cães e gatos que ingerem água ou alimentos contaminados com cistos infectantes. Além de provocar diarréia intermitente, faz com que as fezes das vítimas se tornem esverdeadas e provoca perda de peso. ?O problema é bastante verificado em canis, quando os locais não são higienizados de forma adequada. Como o protozoário possui resistência grande em lugares úmidos, ele é de fácil transmissão, atingindo principalmente filhotes.? Para prevenir a doença, existe vacina que deve ser aplicada nos animais anualmente sob orientação médica veterinária.

Toxocara canis: perigo aos cães

Lucimar do Carmo/O Estado
O tratamento contra as parasitoses normalmente é feito através do uso de anti-helminticos.

Entre os parasitas que atingem apenas cães, o Toxocara canis é um dos que possuem maior incidência, sendo verificado tanto em animais domésticos quanto em selvagens. Na fase adulta, o verme chega a medir entre quatro e dezoito centímetros de comprimento, sendo adquirido através de água e alimentos contaminados ou via placenta (quando a cadela prenha infectada transmite o problema para seus filhotes). As principais vítimas costumam ser animais jovens. ?Geralmente, os adultos, após adquirirem a Toxocara canis uma vez, acabam criando maior resistência a ela. Por isso, os filhotes costumam ser os mais atingidos?, comenta o médico veterinário Luiz Carlos Leite.

A parasitose pode ser tanto assintomática quanto se manifestar através de raquitismo, ventre proeminente, pelagem opaca, diarréia e vômito, em meio ao qual muitas vezes são encontrados os parasitas adultos. Em filhotes, também costuma ser verificado crescimento retardado. ?A presença de um número muito elevado de parasitas pode obstruir o intestino do animal e, desta forma, levá-lo à morte. Isto geralmente acontece em estágios mais avançados do problema.?

A Toxocara canis pode ser transmitida ao homem, tendo como vítimas principalmente crianças que a ingerem após brincarem em bancos de areia contaminados. Neste caso, as larvas podem migrar pelo organismo, através da corrente sangüínea, e atingir diversos órgãos, como fígado, rins, pulmões, olhos e cérebro.

Trichuris vulpis

Adquirido através da ingestão de ovos contendo larvas infectantes, a Trichuris vulpis atinge cães de todas as idades, provocando diarréia, emagrecimento e prurido na região anal. O problema pode levar à morte quando uma quantidade grande de parasitas afeta o intestino grosso. Porém, normalmente o proprietário do cão verifica os sintomas e busca tratamento precoce. (CV)

 

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