Festival de Curitiba

Espanhóis surpreendem o público com apresentação multiplataforma

Quem assistiu ao espetáculo A House in Asia, que ocorreu nos dias 25 e 26 no Sesc da Esquina, pôde presenciar uma comédia dramática nada convencional.  A apresentação feita pelos espanhóis Alex Serrano, Ferran Dordal e Alberto Barbera, da Agrupación Señor Serrano, satirizou de maneira precisa o modo estadunidense de lidar com guerras e conflitos políticos.

A produção, que utiliza maquetes, atuação e uma câmera que projeta o filme em uma tela em tempo real, relata, principalmente, o 11 de setembro de 2001 e a missão que resultou na morte de Osama bin Laden.

O espetáculo inicia mostrando que a casa do terrorista possuía duas réplicas: uma feita para treinamento do exército dos Estados Unidos e outra para a gravação de um filme. A partir disso, a história reforça a ideia de que a realidade é sempre imitada, copiada e refletida.

Alex Serrano explica que A House in Asia é apenas um reflexo da história verdadeira. “Nós precisamos de ficção e simulação para entender completamente a realidade. A CIA utilizava o codinome Gerônimo para falar de Osama bin Laden, e Gerônimo era o líder dos apaches que enfrentaram os vaqueiros num conflito antigo dos Estados Unidos. Por isso, em nosso show, não falamos em nenhum momento do Osama, do Bush ou do Obama, está tudo representado através do estilo western”, diz.

Durante a apresentação, a equipe manipula as maquetes, transformando os cenários constantemente e intercalando com vídeo clipes, efeitos sonoros e músicas características. Vinícius Tanaka, que assistiu ao espetáculo, afirma ter apreciado a maneira que a história foi apresentada.

“Eles fizeram uma mistura entre o evento do 11 de setembro e outros acontecimentos e apresentaram de um forma lúdica, o que deixou as pessoas interessadas na história”, relata.

Segundo Alex Serrano, o trabalho de sua equipe se destaca por contrariar o estilo habitual do teatro contemporâneo. “O teatro tradicional é muito estranho para mim. Não é certo ter tantos atores obcecados pela fama, pelo reconhecimento e pelo sucesso. Eu estudei teatro por muitos anos, mas não é meu estilo”, finaliza.