Teatro Paiol

Peça com tema político arranca aplausos no Festival

Apagam-se a luzes. Uma mulher queima um chumaço de ervas e passa abençoando a plateia que espera intrigada o desenrolar da ação. Assim começou a estreia nacional da peça de Samir Yazbek, Post Scriptum.

Com temática atual, a peça trouxe ao palco do Teatro Paiol a intensa relação entre a Palestina e o estado de Israel no ponto de vista de uma família brasileira, cujo pai é palestino e muçulmano e a mãe, libanesa e católica.

O primogênito compartilha o mesmo olhar do pai, diferentemente do caçula, que é a “ovelha negra” da família. Com comparações com a história de Abraão e Sara, a peça segue mesclando o atual com a imaginação e o mito.

A problemática de desenrola a partir do momento que o pai é considerado morto, após um acidente aéreo na região norte do Brasil, fazendo que o irmão mais velho sinta a necessidade de cumprir a promessa, que fez com o pai, de ir para Palestina.

A  religião é um assunto muito forte na peça, principalmente pelo fato do pai e do irmão mais velho desejarem voltar para a Palestina para lutar com o seu “povo”, enquanto o irmão mais novo quer visitar no hospital uma garota judia que conheceu pela internet.

O público se sentiu atraído pelo tema atual da peça. Yasmin Brehmer, estudante de direito, tinha grandes expectativas com o espetáculo. “Meu pai é muçulmano, então eu sempre acompanhei de perto o conflito da Palestina. E, além disso, eu faço direito e estudo muito a teoria de estados e ciência política. Então, eu quero analisar essa mescla de teatro com questões políticas”, explica Yasmin.

Com a duração de 70 minutos, a peça atendeu as expectativas do público. Para Mariusa Aguilar, professora e psicóloga, a temática foi relevante e destacou o fato de o teatro trazer esse tema à tona. “Eu acho que nem sempre as mídias nos esclarecem a respeito dos conflitos”, explica.

Segundo Sérgio Aguilar, professor, o tema leva a uma discussão interessante. “Eu acho corajoso eles fazerem isso. Achei que o tema, atuação e a direção muito boas”, comenta.

A segunda e última apresentação da peça no Festival de Teatro de Curitiba acontecerá nesta sexta-feira (27), às 21h, no Teatro Paiol, Prado Velho. Os ingressos custam R$ 60,00 e R$ 30,00 meia-entrada.