O arauto do novo estádio

Alceni Guerra vira o porta-voz dos planos do Coxa

Em tempos de crise, resultados ruins no futebol e críticas à diretoria do Coritiba, uma voz surgiu para falar em nome do clube. Mas o vice-presidente Alceni Guerra, ex-deputado federal, ex-ministro da Saúde e ex-prefeito de Pato Branco, não trata do que o torcedor quer saber. Em seguidas entrevistas, o cartola falou sobre os projetos de construção do novo estádio. Empolgado, ele garante que o plano é viável, não custará nada para o Coxa e que passou da hora de tratar do assunto – mesmo sendo estranho o assunto ter surgido no pior momento do time na temporada, quando era o vice-lanterna do Campeonato Brasileiro e vivia uma crise interna provocada pela discussão de Juan com o técnico Pachequinho.

O novo estádio – que pode ser no terreno do Couto Pereira, na área do Pinheirão ou na Cidade Industrial de Curitiba – foi tema desde a terça da semana passada, quando Alceni foi entrevistado pela Gazeta do Povo. Aos poucos, o assunto citado por foi vazando por outras fontes do clube, até explodir após a reunião do Conselho Deliberativo, na segunda-feira. O clube foi forçado a marcar uma entrevista coletiva, que foi cancelada em cima da hora – a posição oficial era a agenda carregada do presidente Rogério Portugal Bacellar; mas dentro do clube havia o temor de que o assunto estádio fosse deixado para trás pela imprensa, e que o dirigente tivesse que responder sobre os problemas do departamento de futebol.

Mesmo sem a coletiva, Alceni continua sendo o porta-voz do novo estádio. “É o momento adequado. Precisamos dar esse passo”, disse. A crise financeira nacional e as dificuldades do caixa alviverde não serão problemas, segundo o presidente. “Nenhum centavo dos atuais recursos do clube irá para a construção de estádio”, prometeu.

A engenharia financeira passaria por fundos de investimento. “Nosso investimento será na forma de patrimônio. Quando você coloca patrimônio num fundo de investimentos, você está se apropriando do fundo de investimentos no valor do seu patrimônio. Temos hoje o Couto Pereira, o CT da Graciosa e o terreno em Campina Grande do Sul. (…) O dinheiro que existe atualmente no mercado brasileiro está nos fundos de investimentos, que são uma aposta segura, regulamentada pela Comissão de Valores Mobiliários. Seria loucura buscar um empréstimo bancário agora”, comentou.

E quem seria esse parceiro? “Não podemos passar o nome ainda. Mas estamos buscando parceiros, tanto em pessoas jurídicas, como em pessoas físicas. O torcedor, por exemplo, poderá comprar uma cota e ser proprietário dessa cota, que depois será vendida na Bolsa de Valores. Mas precisamos da autorização do Conselho Deliberativo para caminharmos nessa direção”, desconversou Alceni, que em uma das respostas admitiu que o processo é bem mais longo do que se pensa. “O primeiro passo é contratar um escritório de advocacia experiente para estruturar a operação. Esta estrutura jurídica nos dirá qual a parte de entrada do Coritiba no fundo de investimentos, para mantermos nossa maioria de 51% no negócio”, contou.

Um dos temas mais polêmicos é a obrigação dos projetos incluírem um teto retrátil, semelhante ao implantado na Arena da Baixada. “Tem pelo menos dez clubes no Brasil com estádios mais modernos. Ficamos para trás. Perdemos a chance na Copa. Agora a gente precisa dar um passo à frente. Não poderíamos assim competir com o Atlético, nem tornar o Couto autossustentável e lucrativo”, afirmou Alceni, reforçando que um novo estádio seria também um possível palco para outros eventos.

O vice-presidente do Coxa fala com certa resignação do Couto Pereira. “Temos de analisar duas questões: primeiro, as restrições de mobilidade urbana na área do Couto. Segundo, que nesta área fomos vetados de colocar pontos de comércio”, explicou, mesmo sabendo da resist&e,circ;ncia em sair da área. “Ela existe mesmo entre nós da diretoria e dos conselhos. É evidente, porque as raízes do clube estão aqui, sempre estiveram”, admitiu, garantindo que onde for o estádio novo, ele será majoritariamente do clube. “O que temos de deixar claro é: como seremos cotistas majoritários, o patrimônio continuará nosso. Vamos construir o futuro do Coritiba”, finalizou (com reportagem de Julio Filho).

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