Exclusivo do site

Análise: O que o Leicester pode nos ensinar?

Nas últimas semanas, mas principalmente nos últimos dias, o grande destaque do futebol mundial foi o Leicester, modesto time inglês que foi campeão nacional pela primeira vez na sua história. Um clube que voltou à Série A na temporada 2013-2014, no ano passado escapou do rebaixamento quase que na base do milagre e, de repente, se torna campeão com um orçamento muito menor que os milionários favoritos Chelsea, Manchester City, Manchester United e Arsenal.

A façanha do Leicester certamente será usada como motivação e exemplo em muitos clubes do mundo todo. A questão é: o que exatamente Atlético, Coritiba e Paraná podem pegar da campanha do time inglês e colocar em prática?

A grosso modo, olhando superficialmente, a primeira coisa é pensar que, mesmo diante de um orçamento muito menor que o dos favoritos, é possível beliscar um título. Clubes como Flamengo, Corinthians, São Paulo e outros ganham de três a cinco vezes mais que a dupla Atletiba, por exemplo. Mas vale ressaltar que o Cruzeiro ganhou dois títulos brasileiros recentemente e está bem abaixo das maiores cotas de televisão.

Claro que dinheiro no futebol se tornou algo muito importante, mas nem sempre fundamental. Se pegarmos os últimos anos, clubes como Sport, Vitória, Goiás, Botafogo e o próprio Furacão recentemente brigaram e até conseguiram vaga na Libertadores, enquanto Vasco e Palmeiras, com muito mais dinheiro, chegaram a ser rebaixados.

A principal lição do Leicester é planejamento e saber onde pode chegar. Do time que quase foi rebaixado no ano anterior, a maior parte do elenco foi mantida, justamente porque o objetivo do clube era se manter mais uma vez na elite inglesa. O que viesse dali em diante, seria lucro. Um lucro que dificilmente será repetido nos próximos anos. Mas o simples fato de colocar os pés no chão e seguir o planejamento colocado no começo da temporada fez toda a diferença.

Hoje, Atlético e Coritiba não podem querer competir de igual com os principais favoritos ao título brasileiro. Mas podem surpreender, se souberem onde é o lugar deles. E, com o passar dos anos, se tornarem estes favoritos, algo que o Leicester certamente não se transformará daqui para frente. O que não pode é manter o embalo de que a cada três, quatro derrotas, tudo está errado e precisa de reformulação.

O Rubro-Negro foi um exemplo claro disto. Começou bem o Brasileirão do ano passado, chegando a liderar, e após uma má sequência, quando chegou a ficar em oitavo, Milton Mendes foi demitido. Se no começo da competição colocassem o clube entre os oito primeiros, ninguém acharia que seria um trabalho mal feito. Mas a cobrança interna e da torcida para que sempre os times briguem pelo título acaba criando uma obrigação ilusória.

Paraná

O caso do Paraná é um pouco diferente. Há nove anos tentando retornar à elite do futebol brasileiro, esta obsessão tem custado caro ao clube, que a cada temporada reformula elenco e começa o trabalho todo do zero. Mesmo com menos dinheiro que muitos outros concorrentes, a competição já mostrou que é possível retornar com um orçamento baixo.

Chapecoense, Avaí, Santo André e América-MG já provaram isso. Mas admitir que em determinado ano o objetivo não será alcançado e já começar a planejar a temporada seguinte poderia ter ajudado o Tricolor a, enfim, estar entre os 20 melhores do Brasil.