Sem credibilidade

Existe alguma razão para confiarmos na seleção brasileira?

Existe alguma razão para confiar na seleção brasileira? O retrospecto recente e a crise institucional gritam que não. E é com essa falta de credibilidade que marca nosso futebol nos últimos anos que iniciamos a caminhada para mais uma Copa do Mundo. A largada das Eliminatórias sul-americanas será contra o Chile, atual campeão da Copa América, às 20h30, no estádio Nacional de Santiago. Sob profunda desconfiança – pela CBF, pelo técnico Dunga e por uma geração ruim de jogadores -, a seleção brasileira tem um desafio e tanto.

A organização da seleção está toda torta. Afinal, o presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, não viaja para o exterior pelas suspeitas que recaem sobre ele e sobre a entidade. A contratação de Gilmar Rinaldi, diretor de seleções, até hoje não foi bem explicada – e seu passado como empresário não ajuda em nada para aliviar a situação. Dunga voltou e manteve seu estilo, indo bem em amistosos e fracassando em competições oficiais. Para piorar, o único craque da seleção, Neymar, está suspenso e não joga hoje e na terça que vem, contra a Venezuela.
Não é apenas isso. O ex-presidente da CBF, José Maria Marin, está em uma prisão na Suíça, envolvido no escândalo de corrupção na Fifa e esperando a decisão sobre a extradição para os Estados Unidos. Outros personagens ligados à cúpula do nosso futebol, como J. Hawilla, Ricardo Teixeira e José Lázaro também estão no meio da confusão.

É um panorama feio, ainda mais se pensarmos em tudo que acontece no futebol mundial. Ontem, o Comitê de Ética da Fifa pediu a suspensão por três meses do presidente Joseph Blatter (ver página 32). O secretário-geral, Jérôme Valcke, já foi afastado por suspeita de irregularidades. O candidato mais forte na eleição de fevereiro do ano que vem, Michel Platini, também tem telhado de vidro. Ou o futebol é passado a limpo agora, ou nunca mais.

E a pergunta volta

Existe alguma razão para confiar na seleção brasileira? Tudo diz que não, mas hoje à noite ficaremos parados em frente à TV para ver se Dunga dará o primeiro passo para a Rússia. O torcedor pode esperar uma seleção fechada, quase na retranca, forçando as jogadas em velocidade com Willian e Douglas Costa. Nada mais distante do futebol brasileiro. Nada mais simbólico para uma seleção sem credibilidade dentro e fora de campo.

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