Crise total

Criticado por conselheiros Ernesto Pedroso pede as contas

Se havia alguma dúvida que o Coritiba está rachado, a confirmação veio ontem. Após uma longa queda de braço com um grupo de conselheiros, o vice-presidente Ernesto Pedroso entregou o cargo ao presidente Rogério Portugal Bacellar e deixou sem comando o futebol alviverde. Pedroso acabou minado pela série de resultados ruins no Brasileiro e pela perda do Campeonato Paranaense, que já fora o motivo da saída de outro vice, Ricardo Guerra, e do gerente-geral João Paulo Medina.

A um dia de uma partida decisiva no Brasileirão, contra a Ponte Preta, no Couto Pereira, o Coritiba entra de novo em profunda crise. Pedroso foi um dos responsáveis pela montagem do elenco atual, e principalmente foi o fiador da rápida contratação de Ney Franco.

Perfil

Sem papas na língua, Ernesto Pedroso era a “voz” da diretoria do Coxa. Dava entrevistas quase todo dia, confirmava as saídas (como as de Wellington Paulista e Welinton na semana passada), negava reforços para depois anunciá-los (a situação mais explícita foi a de Marcos Aurélio). Era o cara que respondia pelo clube.

E isso incomodou um grupo de conselheiros, já descontente com os maus resultados. “Acho que existe uma dose de vaidade das pessoas. Por eu dar entrevistas para a imprensa, atender todos bem sempre que pediram, isso acabou incomodando. Agora eu vou seguir a minha vida em frente e deixar eles à vontade no clube”, disse Ernesto Pedroso.

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Esse grupo foi a Bacellar e pediu a saída de Pedroso. Isso aconteceu há vinte dias. O presidente bancou o vice e pensou-se que a crise teria sido debelada. Que nada. Começou a rolar um abaixo-assinado no Conselho Deliberativo pedindo a cabeça do cartola – com apoio velado de integrantes do G5 e da cúpula do Conselhão, desafetos de Pedroso. Ao saber da história, o vice-presidente resolveu sair primeiro. “Foram reclamar com o presidente e iriam fazer um abaixo-assinado. Então eu resolvi tudo com a minha assinatura pedindo a renúncia”, explicou.

Motivos

Para o dirigente, tudo que ele poderia fazer nesses quase seis meses dentro do clube foi feito, mas as dificuldades financeiras impediram que o trabalho fosse melhor reconhecido internamente. “Fiquei muito entristecido, me dediquei muito ao clube. A falta de recursos financeiros não nos permitia fazer mais do que fizemos. Mas conseguimos fazer algumas coisas boas, com a vinda do Kléber por um custo extraordinário, e tiramos algumas peças que estavam dando problemas, como o caso do Leandro Almeida. Tudo que era possível nós fizemos, mas tinham conselheiros insatisfeitos mesmo assim. Os resultados em campo pesaram”. concluiu.

E agora?

Dos três grupos que sustentaram a vitória do presidente Rogério Bacellar na eleição de dezembro do ano passado, apenas um ficou. Agora, o grupo que controla politicamente o Coxa é o dos jovens. Seus principais representantes são o vice-presidente André Macias e o presidente do Conselho Deliberativo, Pierpaolo Petruzziello. Ligados também a setores da torcida organizada, eles terão duras missões – pacificar o clube, encontrar um novo vice e tirar o time da zona de rebaixamento do Brasileiro.

Histórico

O primeiro a sair foi o grupo de Ricardo Guerra, que tinha o suporte popular de Alex, o “grande eleitor” que decidiu o pleito. Foi o empresário que pediu a João Paulo Medina um projeto de longo prazo. A derrota na final do Paranaense foi o ponto de virada de uma unidade de diretoria que se mostrou ilusória. Guerra renunciou e Medina pediu para sair. Incomodado, Alex também se distanciou da diretoria. Foi o primeiro racha.