Filho de Grondona diz que escândalo da Fifa não o surpreende

Ainda que nenhum dirigente esportivo argentino esteja entre os indiciados pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos, o escândalo que estourou nesta quarta-feira respingou em Buenos Aires. Especialmente pela citação, no relatório da Justiça norte-americana, de que “um alto oficial de longa trajetória na Fifa e na Associação de Futebol da Argentina (AFA)” pediu um suborno “de sete dígitos” pela Copa América realizada em 2011 na Argentina.

Em entrevista coletiva nesta quinta-feira, a procuradora-geral dos Estados Unidos, Loretta Flynch, disse que não comentaria sobre pessoas que não foram citadas nominalmente no relatório de mais de 150 páginas. Mas a imprensa argentina especula que o “alto oficial” seja Julio Humberto Grondona, morto há menos de um ano. O dirigente, muito comparado a Ricardo Teixeira, era vice-presidente da Fifa desde 1988 e presidente da AFA desde 1979.

O relatório do Departamento de Justiça cita, no seu ponto 249, que a Datisa (empresa pertencente ao grupo Traffic e a duas empresas argentinas, todas investigadas) aceitou pagar US$ 100 milhões em propinas a dirigentes da Conmebol e da Fifa em troca do contrato para transmitir quatro edições da Copa América.

De acordo com o relatório, US$ 20 milhões foram pagos na assinatura do contrato, em 2013, e outros US$ 20 milhões seriam depositados por cada uma das quatro edições do torneio. Ainda segundo a Justiça dos EUA, no rateio da propina entrava a AFA, a CBF e a Conmebol, com US$ 3 milhões cada, e outras sete federações nacionais, com US$ 1,5 milhão para cada.

O jornal El Clarín, de Buenos Aires, falou com Humberto Grondona, filho do ex-presidente da AFA, e técnico da seleção sub-20 da Argentina que vai disputar o Mundial da modalidade, na Nova Zelândia.

“Eu não estou surpreso. Como eu falei em certo momento com meu pai, sabíamos de certas irregularidades que aconteceram nas eleições das cidades para o Mundial. Mas aqui se está julgando as pessoas, não uma entidade (a Fifa). E se essas pessoas fizeram coisas que não são certas, que sofram as consequências. Neste momento, não sei os nomes dos envolvidos, mas sejam quem sejam, se agiram mal, que sejam punidos”, disse ao Clarín.

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