Prestação de contas no Coxa

Se rombo for comprovado, Vilson Ribeiro pode ficar inelegível

Na noite de segunda-feira, o Conselho do Coritiba reprovou as contas de 2014, sob a gestão do então presidente Vilson Ribeiro de Andrade, algo inédito no clube, já que nunca tinha acontecido na história. “Foi uma questão política, obviamente. Fiz uma boa gestão e a história vai mostrar isso”, sentenciou o ex-dirigente.

A votação foi apertada. Após explicar o porquê do orçamento não ter sido cumprido, que resultou no salto da dívida de R$ 155,7 para R$ 203,3 milhões, a reprovação venceu por 78 a 67 votos. Enquanto os conselheiros vitalícios e antigos aprovaram, a nova geração foi contra.

O Coritiba teve uma receita de R$ 86,7 milhões e um déficit de R$ 40,4 milhões no ano passado. A justificativa de Andrade para isso é de que, em sua gestão, toda a dívida detalhada foi apresentada. Assim, débitos e renegociações de dívidas foram reconhecidos no âmbito geral. “Não escondi nada e outros presidentes jogam para baixo do tapete. Jamais faria isso”, garantiu.

Na ata da reunião, aliás, o ex-presidente pediu que constasse que o Conselho Fiscal e uma auditoria aprovaram a conta. “Votação apertada. Excedeu o orçamento, é verdade, mas não podíamos não colocar no balanço, porque foi exigência da auditoria. Ou seja, está claro que a votação não foi baseada no que apresentei de fato”, reclamou.

Vilson lembra, ainda, que vai deixar outro legado para o Coritiba. E para outros times brasileiros. Um dos principais articuladores da Lei de Responsabilidade Fiscal no Esporte (LRFE), que teve a Medida Provisória aceita há duas semanas, o ex-mandatário do Coxa ajudou no parcelamento da dívida junto ao Profut.

“Me dediquei muito, exigiu demais por dois anos. Lutei pelo futebol brasileiro e é uma solução que vai beneficiar a todos, e não só o meu time de coação”, falou, citando que o Coritiba deve gastar R$ 300 mil mensais nos três primeiros anos para ajudar no pagamento de R$ 25.144.206,65 a União.

Inelegível

O artigo 53, parágrafo I, do estatuto do time, afirma que “é inelegível e impedido de exercer qualquer cargo ou função no Clube o associado que: em última instância, pelo Conselho Deliberativo, não tiver aprovadas as suas contas referentes a mandatos exercidos no Clube, desde que não haja ressarcido os prejuízos a que fora responsabilizado”.

O ex-presidente, que está perto dos 70 anos, diz que nem tem mais ambição de ter cargo no Coritiba. Até por seu problema de saúde, Andrade sequer tem ido ao estádio e fica assistindo aos jogos de casa. “Ainda não está definida, porque não tem base legal. Não houve irregularidade”, comentou.

As contas serão submetidas a uma auditoria externa, que irá avaliar a prestação de contas de 2014. Se irregularidades forem constatadas, Vilson Ribeiro Andrade se tornará inelegível. Alegando que perdeu parte do patrimônio durante os cinco anos dedicados ao Coritiba por não conseguir conciliar, Andrade quer recuperar o tempo e afirma que já fez muito pelo clube. “Pegamos o clube quebrado, sem saber o que e quanto devia. Era absurdo. Conquistamos títulos paranaenses e um da Série B. Deixei o Coritiba na Série A, com um estádio melhor, quase 20 mil sócios e toda a dívida consolidada para análise. O tempo vai mostrar que fiz uma boa gestão, e vão reconhecer isso”, finalizou.

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